Ausência

Quantos mal me queres

se despetalaram

ao sopro da brisa

 

Quantas lágrimas sufocadas

na dolorosa ausência

 

Revivo sempre aquele

instante

cuja única realidade

era o sonho e a ilusão.

Escuto ainda

as últimas palavras

precedendo a súbita despedida.

 

Depois

uma ré  um aceno

outra ré  outro aceno

uma terceira ré

o último aceno

e qual meteoro

mergulhou na amplidão

do infinito

deixando resquícios de presença.

 

Estas lembranças

submersas no meu cérebro

vão se avolumando

arrebentando-se como diques

envolvendo-me nas brumas

da nostalgia

 

Era setembro

Ainda me lembro

As pereiras orgulhosas

cobriam-se de noivas

e por trás de tanta beleza

disfarçavam-se pesadelos

de noites agitadas

e intermináveis

diluídas na saudade

eternizando a grandeza

do instante

povoando o espaço

e o tempo

À poetisa iratiense Alzira Dembiski Bueno  *1923 - +2010

http://www.hojecentrosul.com.br/especiais/alzira-dembiski-bueno-deixa-saudades/

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 31/01/2011
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