Ausência
Quantos mal me queres
se despetalaram
ao sopro da brisa
Quantas lágrimas sufocadas
na dolorosa ausência
Revivo sempre aquele
instante
cuja única realidade
era o sonho e a ilusão.
Escuto ainda
as últimas palavras
precedendo a súbita despedida.
Depois
uma ré um aceno
outra ré outro aceno
uma terceira ré
o último aceno
e qual meteoro
mergulhou na amplidão
do infinito
deixando resquícios de presença.
Estas lembranças
submersas no meu cérebro
vão se avolumando
arrebentando-se como diques
envolvendo-me nas brumas
da nostalgia
Era setembro
Ainda me lembro
As pereiras orgulhosas
cobriam-se de noivas
e por trás de tanta beleza
disfarçavam-se pesadelos
de noites agitadas
e intermináveis
diluídas na saudade
eternizando a grandeza
do instante
povoando o espaço
e o tempo
À poetisa iratiense Alzira Dembiski Bueno *1923 - +2010
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