A perda
Como me conformar com a perda de quem tanto significou pra mim?
Desde quando acordava até a hora de dormir estava acostumada a ouvir a sua voz, a conversarmos, a rirmos por coisas bobas, a receber tantos mimos e carinhos seus e certo dia cheguei em casa e descobri que estava prestes a te perder. O tempo passou e este temor permaneceu...você no hospital e eu em casa em um interminável desespero. Tentava viver dias normais, mas os meus pensamentos sempre direcionados a você. Certo dia acordei pensando em lhe dizer coisas que eu deveria ter dito, então fui ao hospital e aproveitei o tempo que você tinha disponível pra ouvir tudo o que eu queria ter dito,repetindo apenas o que o meu coração me mandava dizer. A emoção dizia pra eu chorar mas a razão dizia pra eu contê-la pra que o seu estado não piorasse. Depois daquele dia senti o meu corpo como se estivesse mais leve e o meu coração aliviado. No mesmo dia que você se foi, senti uma calma inexplicável e tenho a certeza que foi você quem me acalmou. Chego a pensar o seguinte:agora tenho que me acostumar a acordar de madrugada com dor na perna e você não aparecer pra me fazer aquele gostosa massagem (aquela que só você sabia fazer), a não comer mais aquela sardinha que você fazia só pra me ver feliz e satisfeita, a não cochichar no meu ouvido dizendo que o ar está ligado (minha avó não podia saber), a não ouvir as suas histórias, a não haver mais possibilidade de você me ensinar a dirigir e nem de me ver formar na faculdade. Esses costumes são os piores que terei de me adaptar. Dizem que o tempo ameniza, mas a minha dor só piora. Sentir o seu cheiro característico é o seu jeito de me trazer pra perto de ti. O que ameniza a minha dor é saber que você está bem, tenho essa certeza só pela calma que você me fez sentir no dia em que partiu e nas madrugadas em que choro a sua perda. Saiba que te amo mais que tudo, tanto que nem cabe no meu coração, José Antônio Dias Alves, o melhor avô e o meu verdadeiro pai.