Flávia - Codinome Joplin
Quando menina...
A criança loira me lembrava um menino
de cabelos curtos e temperamento explosivo,
Minha prima exclusivista,
Tinha ciúmes das outras primas,
Gostava de brincadeiras fortes, era moderna e nem sonhava...
futebol... o que nosso avô, com sua mente de descendência patriarcal ignorava... as vezes ouvia ele falar pra minha avó:
- Inácia, olha as meninas virando macho, jogando bola feito homem, dá um jeito Inácia!
Minha avó ralhava, mas depois também sem que ele visse,
sorria e permitia.
Flávia, sempre além do seu tempo, mulher fora do tempo,
dona do seu mundo,
do seu ritmo,
do seu corpo...
da sua história...
Precoce... ou de vanguarda?
Flávia sorria, de um sorriso largo, verdadeiro de uma alegria espontânea, de uma vida livre...
As vezes eu pensava:
- Como Joplin, não chega aos trinta, ou consome a vida,
ou a vida a consome...
Flávia,
mãe, forte, filha, neta, sobrinha, prima, amiga
mulher,
não teme perigos,
seu maior perigo... ela mesma?
Duvido.
Flávia vive... e no meu engano,
entra na maturidade,
firme, corajosa, viva,
e ouve o blues no louco e doce lamento do ídolo Joplin,
Janis Lyn Joplin... a musa branca do blues americano
o mito que se alto consumiu, que se foi.
...é, Flávia é diferente,
Flávia vive.
Brasília - DF, 2009.
Do imaginário de quem acredita em superação.
*Janis Lyn Joplin foi uma cantora e compositora norte-americana. Considerada a "Rainha do Rock and Roll",