ARROZ BEBIDO

Sempre que chovia o menino punha a cadeira em frente à janela da casinha de taipa, coberta de sapé, construída a cinquenta metros da mata e subia pra ficar observando os pingos da chuva que ao bater no solo saltavam como a água do arroz que cozinhava na panela de ferro na chapa do fogão de lenha que também era de taipa.

A mãe, mulher da roça que aproveitava o dia chuvoso pra costurar na velha máquina de pedal, lançava seu olhar amoroso ao filho encantado com a chuva que garantia mais um ano de fartura na lavoura.

O menino sabia que antes que o arroz secasse, a mãe deixaria a costura de lado e iria até o fogão pra quebrar um ovo caipira no arroz ainda caudaloso. Depois tiraria um pouco de arroz da panela, com o ovo no ponto de clara dura e gema mole e, mais uma vez, o chamaria dizendo:

___Vem, meu filho, está pronto o arroz bebido que você gosta!

Homenagem à minha Mãe