Ana.

“ O garoto das drogas anda por aí

com sua mochila nas costas

e suas mentiras na língua.

Seu cabelo comprido,

mal cortado. Loiro. Bonito.

E a noite seus olhos se perdem

no nada. E se pausam

em mim.

O garoto das drogas anda por aí.

Por onde eu ando.

E por onde andarei.”

She’s got issues

com sua escarlatina nos fios de cabelo

e todas as garrafas e

“tomara que não chova”,

quem disse que não se fica bêbado com água?

Cães, cigarros, peitos, homens,

vergonhas, madrugadas, copos,

nada mais poético

e concreto

que braços e pernas cortados

e mesmo assim continuar amando.

As coisas deveriam mesmo ser mais fáceis,

como conseguir vinho barato às 2 da manhã

fora do lugar mais movimentado.

Seria bom.

Não sou a pessoa mais indicada pra dizer quem presta,

mas talvez

eu acerte mais do que imagino.

Da próxima vez eu que vou junto pro hospital

quando quebrarem algum amigo meu.

Quem vai comigo pro hospital

quando quebrarem o que tenho de mais valioso,

que bate pra eu poder viver?

O garoto das drogas anda por aí

e nós por aqui, na rua de baixo,

rindo de cães e sons;

é aí que eu me sinto eu,

que nós nos sentimos bem

e nos sentiremos. Na rua de baixo do bar.

Não sou a pessoa mais indicada

pra dizer o que fazer em qualquer situação.

Eu sou um desastre.

Mas,

Ana,

seus cabelos me seduzem.

Mariana Schweiger
Enviado por Mariana Schweiger em 04/01/2011
Código do texto: T2709756