POETA
A marca de um poeta é muito mais que sua obra literária. É sensibilidade perene, capacidade de extrair o doce néctar de flores enferrujadas. É o olhar mágico, inquietante de ver a vida por um ângulo DI-VERSO. Aproximar imagens e revelá-las ao mundo com surpreendente ineditismo. Descobrir novas veredas, para conduzir os passos na contramão do destino.
O que define um poeta é o jeito IN-VERSO de ser, é transformar fel em mel, embriagar-se de sonhos e extasiar-se de prazer. Perceber o mundo pelo lado avesso, caminhar noite e dia e ver no ocaso da vida o seu mais belo começo. É ter o olhar sedutor e decantar em versos a vida, o sonho e o amor.
O que distingue um poeta é a contumaz ousadia de galgar o vento, poetar a vida e garimpar palavras escondidas nas estrelas.
O autêntico poeta é o que vai sendo gerado diuturnamente, o que acalenta idéias agridoces, amarelecidas e adormecidas em gavetas de nuvens. Poeta é um ser em (trans)formação a transformar a ação. É uma eterna criança realizando suas próprias fantasias e fantasiando sua própria realidade em seu constante "vir a ser".
O verdadeiro poeta costura altaneiro, com fios de esperança, a trajetória da vida. Não morre. Transcende na cadência de seus versos... inacabados.
Texto publicado no Jornal ARAUTO - Ano 6 - Nº 59 - março 2005 - p. 7 - Campo Grande/MS