RAÇAS, RELIGIÃO E DESGRAÇAS
O preconceito está intrínseco à religião, aos seus dogmas, e isto desde o “princípio” bíblico. As três forças religiosas que governam o mundo, e que tem como adversários o “ateísmo”, são o judaísmo, o islamismo e o cristianismo. Todos esses sistemas religiosos mantêm intrínsecos um sem números de preconceitos em relação aos outros, como até dentro de si mesmos. Há preconceito contra a mulher, contra os negros, os índios, os chineses. Há preconceitos quanto ao que se come e bebe, ao que se veste, e quanto as próprias liturgias praticadas para adorar a seus deuses, ao que crêem, aos seus cultos.
Hoje, dia 20 de novembro, se comemora o “DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA”. Quero aqui deixar minha homenagem na forma de um protesto surdo. Como afirmou o senador Magno Malta quando discursava no senado, “que há um monstro que ele, como muitos outros colegas acreditavam que estava vencido ou pelo menos adormecido, mas está bem acordado: o monstro do preconceito, da discriminação em todo país.
O problema no Brasil não é somente racial, mas sim cultural, educacional, econômico, político e religioso. Há uma grande lacuna entre aqueles que têm direitos e poucos deveres, daqueles que só têm deveres, e isso se devem a filosofia da própria igreja católica que introduziu através de seus “doutores” conceitos que manteve ainda mais aberta essa lacuna entre pobres e ricos, analfabetos e alfabetizados, profissionais qualificados e os profissionais desqualificados (não esquecendo aqueles que não têm profissão alguma). E ficam ainda mais gritantes essas diferenças quando particularizamos por áreas e regiões a todos os seres humanos que vivem em nosso país. Por exemplo, as áreas e regiões mais ricas, quase tudo funciona: Transporte, Saúde, Educação, Segurança, Habitação, Saneamento, enquanto as áreas e regiões mais pobres, à medida que vai se descendo para a base, onde reside o maior número de pessoas, tudo é de péssima qualidade, dos serviços ao comércio e indústria. E aprofundando ainda mais a pesquisa encontraremos no “útero social” profissionais qualificados à disposição dessa classe que quase não usam os serviços públicos, as ricas.
As vagas nas melhores universidades são para aqueles que tiveram condição de fazerem seus primeiro e segundo graus em escolas de bons níveis, e isso claro que não se encontra em bairros pobres, marginalizados. Mas nem de longe isso é desculpar para se tornar delinqüente, até porque os motivos que levam crianças, adolescentes e jovens a se drogarem e se prostituir está mais para o lado da falta de limite, da negligência dos pais e na conivência do estado, do que pela falta de oportunidades no âmbito social. Mas essa é outra questão, temos que nos ater na condição paupérrima que o estado oferece a seus cidadãos. Então voltemos ao padrão político-econômico-religioso que a igreja implantou no seio da sociedade.
Certa vez estava meu esposo almoçando com um dos bispos da CNBB, e atrás do bispo estava esta frase: “NÓS CREMOS NA PROVIDÊNCIA DIVINA”. Meu esposo então disse para todos que estavam à mesa: “Esta frase só serve para o pobre e o analfabeto”. O bispo se interessou pela afirmação e perguntou “por quê?”. Meu esposo explicou: “O pobre crer na providência divina, e por isso trabalha e produz muito e ganha pouco, não o suficiente para sustentar sua família, ter lazer. O rico crer na Força de Trabalho. Então este último induz e convence ao pobre que trabalhe para ser honrado, digno, que produza riqueza para seu país enquanto espera que a providência divina o acuda, resolva seus problemas, sustente sua família dando lhe tudo o que é necessário, o que falta daquilo que o seu salário deveria compor (Isto é o que é ensinado pela igreja católica e seguido por outras seitas, religiões e denominações)”. O bispo apenas disse que “era interessante e reflexiva sua interpretação. Claro, meu esposo estava certo no que dizia, porque é assim mesmo que funciona o sistema, e isso é muito bom para os poucos que ganham muito, que acumulam riquezas até não ter onde guardar e gastar.
Isto, o distanciamento da maioria das pessoas do melhor serviço, comércio e indústria no país, não se resolvem com promessas eleitoreiras, nem tampouco com “cotas para negros, bolsa família, bolsa escola, vale gás, cestas básicas, etc.”. A única solução seria melhorar a Educação, a Saúde, a Segurança, o Transporte, a Habitação e o Saneamento para aqueles que produzem riquezas neste país viverem com o mínimo de dignidade. Mas como, se os responsáveis vivem criando “esquemas fraudulentos” para mais enriquecerem? Então, voltemos a “providência divina”, que é o ópio do povo brasileiro.