À Clarice Lispector
Com ela aprendi a sentir. Sentir o pensamento como se tivesse forma. Porque se precisamos da forma que ela nos venha por pensamentos. Assim, achamos um jeito de acreditar que há forma no ilimitado. Assim, deixamo-nos cair no "sem-fronteiras".
Com ela aprendi a pensar. Pensar no que eu havia sentido e não tinha o menor sentido. Pensar com o coração. Devemos fazer algumas de suas vontades, pois ele apenas bate. E se somente bate e não pensa, ainda sustenta a vida, a "sobrevida" ou "sobvida". Se não fizermos as vontades de quem não pensa, deixamos de pensar. Ou deixamos de bater? Pensar, do modo que falo, não tem lógica e nem o sentido que todos buscam. Há também o sentido mas aquele que se sente, aquele que se tem, aquele que tem qualquer coisa de dor ou d'uma alegria súbita, aquele sentido que faz bater, que faz parar... Que faz pensar? Será que caímos num ciclo? Será que buscamos um ciclo?
Com ela aprendi a não ter respostas. Sim, não ter respostas. Porém, fazer muitas perguntas. As respostas nos satisfazem de modo que não as busquemos mais. E aí entendemos, só. As perguntas exigem, obrigam nossa busca incessante, eterna... Há algo nelas que bate. Ou pensa?
Com ela aprendi a sentir, pensar e questionar?
Não, com ela aprendi.