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                                        lucavichioli

          Assim definiria eu a tua arte: pulsações precisas.  Abraçografia.
          Li – com pressa, admito – a metade, se tanto, dos teus textos.  Alguns prolixos, outros concisos.  Nenhum deles perfeito gramaticalmente.  A maioria, porém, vivaz, sinfônica, eloquente, amarga, dolente, elegíaca, onírica, feliz, infeliz, aconchegante, solitária, humilde. 
          Símbolos verbais impenetráveis, palavras com sentido indecifrável, onde algumas delas, visíveis, encobrem a fuga sutil de mil outras, que se ocultam, palavras sob palavras.  É a plurissignificação.  A beleza misteriosa que fascina, a magia, o feitiço, a hipnose estética.  Sacramento místico.
          E tudo isto fluindo com a simplicidade das coisas diáfanas, transparentes, inocentes cristais se partindo.
         Quem arde em versos queima as palavras, que por instantes nos iluminam.  E tu me pareces poetisa, pois possuis a originalidade nata e irreprimível do Verbo, que, embora ainda imperfeito em suas grosseiras mãos de escultora, saem sem rumo ou disciplina ou beleza ou ordem de ti, e nos sitiam.  
        O tempo cuidará que tuas mãos se tornem mais grossas e teus poemas mais tenros.
          Títulos de uma leveza suprema.  Textos coesos, equilibrados, eficazes, convincentes, sensíveis, amargos, doces.
Maturidade, bom senso, domínio do vocabulário, fineza estilística, suavidade semântica...  
          Suas produções enriquecem, somam, enternecem.

          Humildemente me inclino à tua esplêndida literatura.
Jô do Recanto das Letras
Enviado por Jô do Recanto das Letras em 14/11/2010
Reeditado em 21/11/2010
Código do texto: T2614172
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