Eternamente
Em 1953, Manuel Bandeira escreveu em um poema que
“Duas vezes se morre:
Primeiro na carne, depois no nome.
A carne desaparece, o nome persiste mas
Esvaziando-se de seu casto conteúdo
Tantos gestos, palavras, silêncios –
Até que um dia sentimos,
Com uma pancada de espanto (ou de remorso?)
Que o nome querido já nos soa como os outros.
Santinha nunca foi para mim o diminutivo de Santa.
Nem Santa nunca foi para mim a mulher sem pecado.
Santinha eram dois olhos míopes, quatro incisivos claros à flor da boca.
Era a intuição rápida, o medo de tudo, um certo modo de dizer
‘Meu Deus, valei-me’.
Adelaide não foi para mim Adelaide somente
Mas Cabeleira de Berenice, Inominata, Cassiopéia.
Adelaide hoje apenas substantivo próprio feminino. [...]”
Papai,
Sabemos que a morte da carne é lei da natureza,
Mas o nome poderá resistir
Então, teu nome AUSTRI não será,
como diz no poema de Manuel Bandeira,
Somente um substantivo próprio que dá nome a pessoas
Teu nome será sempre o Austri ex vereador,
ex- prefeito em exercício de nossa cidade,
O tocador de violino, cavaquinho e violão,
E por que não o pescador, o funcionário do Setran etc.
E principalmente o nosso pai
Que do teu jeito, independente das circunstâncias
Foste, é e serás sempre o nosso PAI.
Dos teus filhos/fãs.
Esta foi uma homenagem ao meu querido pai, Austri, pela passagem de seus 78 anos em 24/10/2010.