Tenório Cavalcanti

O Homem da Capa Preta

I

Imortalizo através de versos

Um nome muito importante

Que deixa um passado sério

Foi Tenório Cavalcanti

II

Natalício Tenório

Cavalcanti de Albuquerque

Esse é seu nome próprio

Seu registro estabelece

III

Esse homem que vos falo

Nacionalmente conhecido

Nascido em Bonifácio

Que de Palmeira é município

IV

Dezessete de Setembro

Mil novecentos e seis

O povoado ganha um membro

Que foi um homem da lei

V

Em uma casa humilde

Nasceu este cidadão

Data que a igreja define

Por São Cosmo e Damião

VI

Logo ao nascer um curandeiro

Por nome de Albuquerque

Descreveu todo o roteiro

Que a vida lhe oferece

VII

Disse ter corpo fechado

Muita fartura e glória

Seria assim bem cuidado

Em tudo teria vitória

VIII

Seus pais Antônio Tenório

Um simples agricultor

E Maria Cavalcante

Costureira de valor

IX

O clima desse lugar

Tinha grandes estiagens

Podendo assim presenciar

Na infância essa paisagem

X

Mil novecentos e quinze

A seca foi aliada

Situação que define

Fome e miséria das bravas

XI

Porém seus pais cuidadosos

Com a sua educação

O ABC foi ensinado

Por Mestre Marques então

XII

O pouco que estudava

Já mudava o entendimento

Com isso questionava

A seca e o sofrimento

XIII

Estudando logo passou

A entender a realidade

Cresceu assim com rancor

E do governo queixava-se

XIV

Por isso que se projetou

Movido por sentimentos

Nunca a nada se dobrou

“Ás vezes” foi violento

XV

No que podia ajudar

Aos pobres ele se volta

Em Palmeira construiu casas

No bairro da Vila Nova

XII

Pioneiro em construções

Mostrando como se faz

Em Caxias deu lições

Com mil casas populares

XVII

Grande popularidade

Lutou e assim conquistou

Foi eleito deputado

E a todos ajudou

XVIII

Caxias foi seu império

Construiu tudo com amor

Com o social foi bem sério

Saúde e escola deu valor

XIX

Pôs a ordem que faltava

Nesse lugar de capeta

Por isso ficou chamado

O homem da Capa Preta

XX

Sua arma estimada

Que outra igual não tinha

Era uma espingarda

Denominada Lurdinha

XXI

Do povo pobre um herói

Para alguns governantes, bandido

A corrupção destrói

Foi um homem destemido

XXII

Tornou-se homem temido

Por bandidos e malfeitores

No Brasil foi conhecido

Um dos melhores atiradores

XIII

Isso apenas foi um mito

Pois não foi fato real

Foi apenas um só tiro

Que ele deu num bacurau

XXIV

Arrancando-lhe a cabeça

Um amigo logo viu

E essa foi a certeza

Que esse nome surgiu

XXV

Um dos bons parlamentares

Que sempre foi combatente

Talvez por sua coragem

Ser um tribuno destemido

XXVI

Podia ter recorrido

A sua aposentadoria

Mas sempre foi um político

Amava a democracia

XXVII

No time da redação

Ivan Barros e Damasceno

Mostrava toda questão

Problemas grandes e pequenos

XXVIII

Ele sempre recordava

De Palmeira e dos companheiros

As aventuras comentava

Tempos bons e verdadeiros

XXIX

Falava em Graciliano

Pela sua teimosia

Sempre tinha um bom plano

Ele sobre tudo refletia

XXX

Quando sua mãe faleceu

Por seu amor é instinto

Um túmulo ele ergueu

Aqui em Palmeira dos Índios

XXXI

E logo ali declarou

Com resolução certeira

Peço para me enterrar

Na cidade de Palmeira

XXXII

A sua vida é ilustrada

Por seus temores e glórias

Com filmes representando

Contando bem sua história

XXXIII

Um dia entrevistado

Por repórteres, foi simplório

Para que tantos cuidados

Para tão pouco Tenório

XXXIV

Pois ele já se sentia

Pela idade combatido

As doenças lhe apareciam

Sentia-se enfraquecido

XXXV

Lembrava de sua mãe

Que falava assim com gosto

Dizia de coração:

Com tiros nunca és morto

XXXVI

Cada vez mais cansado

Chegou a sua partida

Em Caxias enterrado

Partindo para outra vida

XXXVII

Deixou seus familiares

Tristes, porém gratificados

Pois sua capacidade

Deixa exemplos consagrados

XXXVIII

Quatro filhas e dez netos

Formam a genealogia

Como também onze bisnetos

Formando uma linda família

XXXIX

Assim o tempo passou

Seu nome quase esquecido

A memória acabava-se

De um homem tão querido

XL

Seu sonho realizou-se

De forma bem verdadeira

Hoje está enterrado

Aqui em nossa Palmeira

XLI

O prefeito Albérico Cordeiro

Em sua gestão conseguiu

Resgatar esse ilustre

Que em nossa terra surgiu

XLII

Um que conheceu Tenório

Desde ele bem pequeno

E descreve tudo certo

É o senhor José Moreno

XLIII

Pedro Rita também fala

Que quando ia à Bonifácio

Tenório sempre trazia

Dinheiro em pequenos fardos

XLIV

Reunia o seu povo

E dividia o dinheiro

Demonstrando lealdade

Aos amigos verdadeiros

XLV

Bonifácio ainda guarda

A sua casa em memória

Mesmo não sendo tombada

O povo lembra sua história

XVI

Deixando recordações

A todos deste lugar

Para as novas gerações

Muita história para contar

XVII

Portanto termino aqui

Com pensamento simplório

As lembranças, exprimi

Do nosso honroso Tenório.

Auta Tânia
Enviado por Auta Tânia em 22/10/2010
Código do texto: T2572735