JIRAU DI/VERSO
Nº 08 – outubro.2006
por Enzo Carlo Barrocco

A POESIA PARAENSE DE ALONSO ROCHA

O POEMA

SONETO À LUA CHEIA

Lua de celofane – lua amarga,
a mensagem de amor que hoje me trazes
rasga no coração como tenazes,
essa dor que se alarga, que se alarga.

Lua de gesso estéril, em tua carga,
por não me decifrar, tu te comprazes,
em ver que eu sou, em tons tristes, lilases,
jogral de um circo azul, na noite larga.

De sofrer já cansei, mas dizes: - “Ama!”
e tua luz – espelho onde me encanto –
na ante-manhã deserta, se derrama.

Porém não creio mais no teu milagre;
- quem teve tanto amor, odeia tanto;
eu que fui vinho agora sou vinagre.

O POETA

Raimundo Alonso Pinheiro Rocha, paraense de Belém, poeta, no convés da fragata desde 1926, é apontado como um dos melhores sonetistas do Pará dos últimos 50 anos. Na trova o mesmo apuro técnico, embora tenha começado tarde nessa variante. É poeta eclético - como mesmo declara – não aprisionado a escolas e sem preconceito com qualquer forma de manifestação poética. Alonso foi eleito o IV Príncipe dos poetas do Pará e também pertence à Academia Paraense de Letras.

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ESTANTE DE ACRÍLICO

Livros Sugestionáveis

“Trilha Poética” (Poesias)
Autor: Sérgio Mattos
Edição: Edições G.R.D.
A poesia de Sérgio Mattos aqui em “Trilha Poética” tem na síntese a sua principal característica. A poesia de nossos dias tocando assuntos atuais.

“O Homem Pelo Avesso” (Contos)
Autor: Alfredo Garcia
Edição: Secult
Uma coletânea com treze inventivos contos do paraense de Bragança, Alfredo Garcia. A palavra fácil, um exímio contista.

“A poesia Espírito-Santense do Século XX “ (Pesquisa Literária)
Autor: Assis Brasil
Edição: Imago Editora
Os mais importantes poetas do Espírito Santo do Século passado reunidos neste belíssimo livro com biografias, comentários e poemas organizados pelo incansável Assis Brasil.

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A FRASE DI/VERSA

Poemas são também, presentes – presentes aos atentos. Presentes que levam consigo um destino.
- Paul Celan (Czernovitz 1920 – Paris, Fr. 1970) poeta romeno

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DA LAVRA MINHA

POEMA PARA NATÁLIA

                             Enzo Carlo Barrocco

Teus cabelos, Natália,
cor das espigas do meu milharal,
tocá-los, assim, acariciá-los,
muito sei que não te fará mal.

Teus olhos, Natália,
cor das ameixas do meu vasto quintal,
contemplá-los, ou mesmo, admirá-los,
muito sei que não te fará mal.

Tua boca, Natália,
cor das flores do meu roseiral,
senti-la tão perto, enfim, desejá-la,
muito sei que não te fará mal

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Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 03/10/2006
Reeditado em 06/11/2006
Código do texto: T255477
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