Ter um pai...
"Cheguei do trabalho e meu pai já estava quase saindo, na semana a gente sempre se encontra assim durante a tarde, na correria... Já que tinha que ir ao banco, resolvi pegar uma carona com o “velho”, fazia tempo que não andava de moto com ele. Tão normal andar na garupa do pai né? Mais hoje foi esquisito... Porque conforme ele dirigia a moto vermelha, (desde que conheço por gente, ele só tem moto dessa cor!) o vento batia no meu rosto, e senti o perfume do meu pai...
Pensei por um instante, nossa como ele vai trabalhar cheiroso! E sorri ao me lembrar, da minha infância... Porque eu e minha irmã mais velha, vivíamos disputando, quem ia dormir com o travesseiro do pai quando éramos criança, eu me lembro que era tão bom... Tinha um cheirinho que não da pra explicar, cheiro de pai!
Esse cheiro de pai me fez lembrar de como éramos unidos! Eu adorava dizer pra todo mundo que ele era meu namorado... Um grude sem explicação, e perdi as contas de quantas vezes fomos pescar no “riozinho” perto de casa, com aquelas “peneirinhas” de lavar arroz, RS! Jogávamos bola no campo de areia, subíamos em arvores... Andávamos de bicicleta, e quantos tombos! Mais o pai sempre esteve ali... Pra me ajudar a levantar... Nossa eu me sentia muito segura com ele, me lembro de uma vez, em um de nossos passeios, que tivemos que atravessar um rio enorme sobre uma “pinguela”, (esse nome que ele me disse que chamava aquele tronco de arvore enorme que cruzava o rio!) e ele me levou no pescoço! Nossa foi uma aventura e tanto... Meu pai, meu herói, já foi até meu Tarzan... Porque ele sempre achava um cipó pra poder me balançar!
Quanta coisa a gente passou junto... Lembro de quando o “pai” ficou com dengue... Peguei minha cadeirinha de madeira, e sentei do lado dele na sala de casa, fiquei segurando a sua mão, e me deu um medo tão grande de perdê-lo, porque eu sei que sem ele me chão sairia dos pés...
Ele sempre trabalhou muito, nos deu casa, comida, brinquedos, estudo... Deu-me um lar, um aconchego, uma família! Lembro-me de quando ele ainda saía de madrugada para trabalhar, uma noite chovia muito... E ele tinha que ir,não podia ficar em casa, eu pedi chorando... Papai não vai, por favor! Mais ele tinha que cumprir os deveres de um trabalhador digno que sempre foi,mais me prometeu que voltaria... E voltou!
Uma vez, uma amiga me perguntou como era ter um pai, (o pai dela tinha falecido, ainda quando era pequena) eu não soube responder... E agora eu sei por que não respondi, não encontrei palavras suficientes pra definir esse homem, menino, e chato às vezes (coisa de pai! Rs eu sei!), meu amigo, companheiro, meu herói, meu exemplo, tesouro...
Não dá pra definir o amor que sinto por você, então direi apenas obrigada!
Pai Cícero... Eu te amo, pra sempre sua filhinha Mussurunga! RS"