Pra Vô cê ir em paz

Já deu né José?

Os passos serenos

Os sonhos pequenos

Não por falta de coragem, mas, por ser maior a possibilidade

De se viver sempre a realidade

Do piso árido do sertão

Agora na cama de uma imensa construção

E de nada vale esperar

Por osmose a vida insiste em lutar

Há fé, mas, da esperança já enxergo o limiar

Quantos dias José?

Quantas historias pra contar?

“Cê num sabe seu moço, o tanto que o tempo é capaz de mudar

Era menino e hoje homi, já vi macaco e lubisomi

Mas nada me deu tanto medo, quando nossa Senhora do Desterro

Butou o céu pra berrar

Chuveu 15 dia e quinze noite

E depois como num açoite vi o céu se alumiar

Deu feijão, milho e fartura

Tirei a peixeira da cintura

Guardei na venda de Zé Duda

E fui pedi a mão dela pra cazá

De lá pra cá você já sabe

Mudei pra cá pra essa cidade

Onde passei a mocidade

Até minha casa levantar

Ondei criei meu quatro filho

Pois truxe ela pra morar

Se num fosse o medo dágua seu moço

Acho que num tinha saído do sertão.”

Vô ce é o exemplo de que é só cruzar a ponte

Pra o futuro ir encontrar

E que todo mundo tem que ter duas coisas pra viver

Um medo e um amor no coração

É difícil aceitar a morte José

Mas pior é entender a vida

Odeio o tom da despedida

Um dia a gente vai se encontrar, né?

O velho moço
Enviado por O velho moço em 09/10/2010
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