Grandes Autores 01 - Great Authors - LOPE DE VEGA

GRANDES AUTORES 01
Amigos, estamos começando com esta edição a série Grandes Autores. Com ela pretendemos divulgar os luminares da literatura universal que são relativamente desconhecidos no Brasil. Tentaremos traduzir para o português suas obras, desulpando-nos desde já por falhas que possam ser cometidas. Na medida do possível, tentaremos manter, na tradução, a métrica e a rima, quando se tratar de poemas, embora saibamos o altíssimo grau de deficuldade que isso representa. Assim, quando, na tradução, não forem mantidas métrica e rima, os leitores saberão que a tarefa estava além de nossas possibilidades linguísticas. Da mesma forma os trechos de prosas terão nossa tradução livre para o português, independentemente das traduções de possíveis livros já publicados em nosso idioma. A idéia não é comparar traduções, mas sim, mergulharmos na literatura pelo que ela tem de melhor: As grandes obras dos grandes autores.
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E para iniciar esta série escolhemos o "Camões Espanhol". Ele é autor de cerca de 1800 peças de teatro, 9 poemas épicos, e mais de 3000 sonetos. Graças a esses números superlativos, ele foi chamado de "O Monstro da Natureza".

Félix Arturo Lope de Vega y Carpio (25/11/1562-27/08/1635)
LOPE DE VEGA
Dramaturgo, teatrólogo e poeta espanhol

Traduções: JB Xavier
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Soneto
Lope de vega

Tú, que epitafios a los vivos haces,
y en tu imaginación muertos los tienes;
¿qué exequias para ti, qué honras previenes?
Pero si no las tienes, no las traces.

Todos yacen por ti. Tú, ¿por quién yaces?
¿Qué funesto ciprés das a tus sienes?
¿Qué mal dirás de ti? Porque los bienes
vendrán aun a ti mismo pertinaces.

No es bien que vivos como muertos trates,
y aun muertos con libelos descubiertos:
no es tanta tu virtud que lo presuma.

Pues que no los heredas, no los mates:
que abrir las sepulturas a los muertos
más es del azadón que de la pluma.

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SONETO
Lope de vega

Tu, que epitáfios para os vivos fazes,
E na imaginação, mortos os tens,
Que exéquias te cabem, que honras deténs?
Porque, se não as tens, que não as traces.

Todos fazem por ti. Tu, por quem fazes?
Que funestos ciprestes tu reténs?
Que mal dirás de ti? Porque os bens
Seguem por si mesmos, pertinazes...

É ruim que vivos como mortos trates,
Se seus defeitos descobriste, tortos,
Também tua virtude é bem pequena.

Assim, não os ofendas, não os mates:
Que abrir a sepultura para os mortos
Se faz com o enchadão, e não com a pena.

* * *

SONET
Lope de vega

You, who write epitaphs for the living,
And in your mind already see them dead;
What rites for you, what honors in you are resting?
But if you d’ont have them, do not spread.

Everybody help you. And you help whom?
What sinister cypress place you on your brow?
What evil shall you say of you? Cause foredoom
Goes its ways, like crazy allowed fool…

It isn't right to treat as dead the living,
Remember, your virtue is very small too.
And if its fault you have discover, bent,

Do not offend or even make them crying
Cause opening tombs is not issue.
If you use just the shovel, instead of pen.

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SOBRE O AUTOR
Fundador da comédia espanhola e um dos mais prolíficos autores da literatura universal, Lope de Vega tem origens numa família modesta. Estudou com os jesuítas e entrou depois para o serviço do bispo D. Jerônimo Manrique, que lhe proporcionou sólida formação e levou-o consigo a Alcalá de Henares, estudou na Universidade de Salamanca (1580-1582), serviu na Invencível Armada (1588), enviada contra a Inglaterra e sobrevivendo à derrota começou a escrever as suas famosas deramas (1588). Foi secretário do Duque de Alba (1590) e mudou-se para Toledo e depois para Alba de Tormes.

Após escrever sua primeira obra de sucesso, o romance "La Arcadia (1598), voltou a Madrid decidido a entregar-se à literatura, e foi ainda secretário do Duque de Sessa (1605). Já autor consagrado, estabeleceu-se definitivamente em Madrid, mas com a morte da então esposa Juana e de um de seus filhos, sofreu uma forte crise espiritual que o levou a se tornar religioso (1610). Ordenou-se (1614) e foi nomeado oficial da Inquisição. Também famoso pelos vários casamentos, inúmeras aventuras amorosas extra-conjugais e escandalosos romances, que pareciam ampliar sua inspiração, entre eles Marta de Navares, a Amarílis de seus versos, que conheceu em 1616 e com quem manteve um amor sacrílego que escandalizou Madrid. A morte dela (1632), seguida de uma série de desgraças pessoais, mergulhou o poeta em profunda depressão, que se prolongou até sua morte.

Sua produção literária compõe-se de 426 comédias e 42 autos, além de milhares de poesias líricas, cartas, romances, poemas épicos e burlescos, livros religiosos e históricos, entre eles os extensos poemas como La Dragontea (1598) e La Gatomaquia (1634), os poemas curtos Rimas (1604), Rimas sacras (1614), Romancero Espiritual (1619) e a célebre écloga Amarilis (1633) - uma homenagem à amada morta. Ainda são destaques por sua originalidade, os épicos Jerusalén conquistada (1609), o Pastores de Belém (1612) e o romance dramático La Dorotea (1632).

Seus contemporâneos o chamaram de "Monstro da Natureza" por ter escrito mais de 1.500 peças de teatro. Entre elas destacam-se as inspiradas em histórias e lendas espanholas: O melhor juiz, o Rei; Peribánez e o Comendador de Ocaña; Fuenteovejuna; O cavaleiro de Olmedo. As históricas: O castigo sem vingança; Contra o valor não há infortúnio. As mitológicas: O pelego de ouro, Vênus. As comédias de costume: O aço de Madri; A dama boba.
(Fonte: Wiki Pédia)
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ABOUT THE AUTHOR
Félix Arturo Lope de Vega y Carpio (usually called simply Lope de Vega; 25 November 1562 – 27 August 1635) was one of the most important playwrights and poets of the Spanish Golden Century Baroque literature. His reputation in the world of Spanish letters is second only to that of Cervantes, while the sheer volume of his literary output is unequalled, making him one of the most prolific authors in the history of literature.

Nicknamed "The Phoenix of Wits" and "Monster of Nature" (because of the sheer volume of his work) by Miguel de Cervantes, Lope de Vega renewed the Spanish theatre at a time when it was starting to become a mass cultural phenomenon. He defined the key characteristics of it, and along with Calderón de la Barca and Tirso de Molina, he took Spanish baroque theatre to its greater limits. Because of the insight, depth and ease of his plays, he is regarded among the best dramatists of Western literature, his plays still being represented worldwide. He was also one of the best lyric poets in the Spanish language, and author of various novels. Although not well known in the English-speaking world, his plays were presented in England as late as the 1660s, when diarist Samuel Pepys recorded having attended some adaptations and translations of them, although he omits mentioning the author.

He is attributed some 3,000 sonnets, 3 novels, 4 novellas, 9 epic poems, and about 1,800 plays. Although the quality of all of them is not the same, at least 80 of his plays are considered masterpieces. A friend to Quevedo and Juan Ruiz de Alarcón, the sheer volume of his lifework made him envied by not only contemporary authors such as Cervantes and Góngora.

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JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 01/10/2010
Código do texto: T2531489
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