*GOOGLE IMAGEM:Retrato de Maria Felipa. Desenho da artista plástica Filomena Orge

Mulheres com M

MARIA FELIPA – Heroína da independência.
 
Sua origem ninguém sabe ao certo. Supõe-se que descendia de africanos do Sudão. Uma certeza é o dia de sua morte, 4 de janeiro de 1873, conforme atestado de óbito. Foi descrita como sendo uma crioula estabanada, alta e corpulenta. Estamos falando de uma personagem que foi esquecida pela história oficial. Maria Felipa de Oliveira, que ficou conhecida por lutar contra os portugueses que não reconheciam a Independência do Brasil.
Oficialmente, o país ficou independente em 1822, mas houve resistência. Na Bahia, em 1823, a luta contra o domínio português foi marcada pela astúcia de Maria Felipa, que liderou homens, índios e mulheres na queima de 42 embarcações que pretendiam atacar Salvador.
Um grupo de mulheres, entre elas Maria Felipa, fingiu seduzir soldados que vigiavam embarcações do General Madeira de Melo. Ao invés de receberem carinhos, eles foram surrados com a planta denominada cansanção, que provoca os mesmos efeitos da urtiga quando em contato com a pele. Enquanto se contorciam com coceira e dor, os navios eram queimados, fato que, segundo historiadores, foi decisivo para impedir a tomada da Baía de Todos os Santos e de Salvador pelas tropas portuguesas.
A inclusão da personagem negra nesses acontecimentos se deu recentemente. A história de Maria Felipa foi resgatada pelo Núcleo de Interpretação do Patrimônio das Faculdades Olga Mettig, numa pesquisa coordenada pela professora Eny Kleyde Vasconcelos Farias.
Pensou-se que seria uma lenda, criada por antigos moradores de Itaparica, onde a heroína viveu, mas foram encontradas referências a sua existência na obra Ilha de Itaparica, do pesquisador Ubaldo Osório, avô do escritor João Ubaldo Ribeiro e também no romance Sargento Pedro, do escritor baiano Xavier Marques.
A redescoberta dos acontecimentos históricos revela a notoriedade da participação feminina e dos negros durante as lutas pela Independência do Brasil. Quem sabe outras Marias não possam ser identificadas e ter seu devido reconhecimento.
 
 
Fonte: revista Fenae Agora n. 64 – publicação da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (site: www.fenae.org.br). Jornalista Andrea Viegas.
 
Tânia Alvariz
Enviado por Tânia Alvariz em 06/09/2010
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