"CONTANDO A SUA VIDA, MEU FILHO"... Homenagem de: Luiz de Souza

CONTANDO SUA VIDA...

(Homenagem ao meu filho Flávio Cavalcante).

Luiz de Souza

I

Era mês de junho,

29 estou lembrado

Parecia que era tarde

O dia passou nublado

O vento soprava forte

Deixando tudo gelado.

II

Eu estava na sala

Sem saber o que fazer

Avistei o seu retrato

Comecei a escrever

Fazendo verso rimado

Pensando só em você

III

Eram 24 horas

Em cima da madrugada

Fui tomar o meu café

Voltei em disparada

Me sentei na minha mesa

E comecei a jornada

IV

Lembrei-me que setembro

Estava próximo a chegar

Dia 3 era data

Que todos estava a esperar

Resolvi ir ao passado

Para alguma coisa lembrar

V

Na asa da sabedoria

Uma carona peguei

Fui direto aquela terra

Onde lá eu me casei

Ali conheci pessoas

Que jamais esquecerei

VI

Conheci a minha esposa

No banco de uma praça

Foi amor a primeira vista

No olhar e na piscada

Em poucos dias noivamos

Para dar uma casada

VII

São José da Lage

Foi lá que fiz morada

Não pensamos duas vezes

Veio um filho na jogada

Com 9 mês apareceu

Cavalcante na parada

VIII

Vamos deixar de prosa

Agora eu vou parar

O dia estar raiando

Meu café vou tomar

Volto com toda força

Para história continuar

IX

Já estou aqui de volta

Usando meu raciocínio

Rimando e soltando versos

Com pensamento no menino

Agora estou certo

Que tudo tem seu destino

X

Se vocês estão gostando

Demore mais um tiquinho

Agora vou contar

O nascimento do bichinho

Aproveitando esta prosa

Quero dar meus elogios

XI

Gleide estava sofrendo

Não queria dizer nada

Ás cinco horas da manhã

Começou a zoada

Eu fiquei sabendo

Que a bolsa tava estourada

XII

As dez horas do dia

Sentiu dores sem parar

A parteira de prontidão

Ansiosa para pegar

Mandou eu ir para o quarto

Para o parto acompanhar

As cinco e quarenta da tarde

Eu vi o cabra chorar

XIII

A placenta ficou colada

Eu vi ela desmaiar

A patrícia com a mão

Começou a descolar

Depois de muita luta

A paz voltou a reinar

XIV

Eu agora tenho orgulho

Isto posso provar

Não ouvi ninguém dizer

Por aqui ou “pra culá”

Tudo que estou contando

É testemunho ocular

XV

Eu vi você nascendo

Foi sofrimento profundo

Tua mãe quase morta

Faltava poucos segundos

Pra bater a caçoleta

Ir morar no outro mundo

XVI

Eu vi gente dizer

Ou menino feio danado

Outro falou

Quando nasce é inchado

Olha o beiço dele

O nariz é achatado

XVII

Aquele que criticou

Voltou e lhe beijou

Dizendo a todo mundo

O danado é uma flor

XVIII

Eu vi você chorando

Eu vi todos lhe abraçando

Eu vi você mamando

Eu vi você ressonando

Eu vi você estranhando

Quando era perturbado

XIV

Eu vi gente lhe beijando

Vi gente que visitou

Vi gente falando muito

Dizendo ele mudou

Tu somente sorrindo

Transmitindo muito amor

XX

Eu vi os seus tios

Todos eles dando a mão

Formando grande corrente

Fazendo grande união

A família queria estar

Ao lado do garotão

XXI

Eu vi toda família

Envolvida pela emoção

Eu vi seu tio “pitada”

Com um berço na mão

Dizendo em voz alta

É do sobrinho do coração

XXII

Esse eu vi engatinhado

Com grande amor cercado

Eu vi sua avó

Chamando meu neto amado

Eu vi seu avô alegre

Andando todo empolgado

XXIII

Eu vi você dando o primeiro passo

Com ajuda de alguém

Eu vi você andando só

Mostrando que estava bem

Eu vi você correndo

Sem precisar de ninguém

XXIV

Eu vi você estudando

Aprendendo o bê a BA

Eu vi você pedindo coisa

Já querendo explicar

Eu vi você dando salto

Já deixando a preocupar

XXV

Eu vi você crescendo

A inocência já escassa

Deixando de ser menino

Não fazendo mais graças

Eu vi o abandono do terço

Que sempre você rezava

XXVI

Eu vi o fim da adolescência

Já ficando rapaz

Eu vi você namorando muito

“Lotando” até de mais

Eu vi mulheres correndo

Querendo e querendo mais

XXVII

Na escola agrícola

Mostrou o seu valor

Estagiou em usina

Ensinando até doutor

Queria mostrar a todos

O diploma que conquistou

XXVIII

Vi gente que hoje é grande

Foi você que ajudou

Vi o mesmo que subiu

E logo te abandonou

XXIX

Partiu para eletrônica

Não chegou a terminar

Mas deixou a sua marca

Deixou todos a desejar

Mostrou que é bom em tudo

Ninguém pode duvidar

XXX

você é um clinico geral

Isto eu posso provar

Ainda tem a escrita

Você escreve sem parar

Faz com toda rapidez

É difícil de errar

XXXI

Ainda tem o teatro

Dirige com perfeição

Esta nova geração

Pede que você dê a mão

Você orienta a todos

E dar explicação

XXXII

Eu não parei ainda não

Continuo elogiando

Você mostra o seu valor

Quando esta cantando

Faz versos bonitos

Na hora que estar compondo

XXXIII

Desculpe-me meu filho

Eu quero desabafar

Vou parar com esta prosa

Para outra coisa falar

Quero entrar no teu trabalho

Um pouco dele contar

XXXIV

A você faltava um emprego

Para o sonho completar

Um amigo camarada

Deu a você um lugar

No escritório da usina

Para tudo começar

XXXV

No começo foi tudo bem

Com um ordenado beleza

Com poucos anos

Ai veio a supresa

O dinheiro minguou

Não dava para despesas

XXXVI

Você reclamava demais

Igual um bode embarcado

Eu dizia este cara

É mulherengo e safado

Gasta o troco com as quenga

Fica ai com desculpado

XXXVII

Eu depois reconheci

Que você foi maltratado

Eu falava muito

Com certeza estava errado

Você queria ajudar

O dinheiro era minguado

XXXVIII

Um dia você estava

Com o ordenado na mão

E disse “misericórdia”

Isto é uma berração

O dinheiro que sobrou

Não dá para comprar um pão

XL

Tomou uma decisão

Naquela ocasião

Dizendo eu vou embora

Olhar Sebastião

Com certeza aquele santo

Vai me dar proteção

XLI

Rio de Janeiro

Terra maravilhosa

Com certeza és bonita

E também és briosa

Recebe o Alagoano

A ti eu conto prosa

XLII

Não pensou duas vezes

Sua bagagem arrumou

Pegou o avião

Para o Rio rumou

Disse São Sebastião

Receba o jovem cantor

XLIII

A você não peço muito

Porque não tenho devoção

Abre o meu espaço

Me da logo um empregão

Depois da tua ajuda

Tu vai ser meu amigão

XLIV

Agora vou parar

O resto não sei contar

Se fez travessuras

Com certeza quero escutar

Me conta tudo direitinho

Garanto que vou gostar

XLV

Eu agora vou encerrar

Tenho logo que explicar

Você quer mudar seu nome

Edvaldo vai tirar

Prefiro ficar com o mesmo

Melhor de pronunciar

XLVI

Edvaldo Flavio

É o nome de batismo

Você não gosta dele

Acha meio esquisito

É o teu direito

De usar o escolhido

XLVII

Este nome foi escolhido

Tua mãe queria Flavio

Eu e a comadre

Colocamos Edvaldo

Nós entramos no acordo

Damos isto por acabado

XLIX

Quando você chegar aqui

Você aceita Edvaldo

Quando eu chegar ai

Vou te chamar de Flavio

Se juntar os dois nomes

Colocar eles no caco

Dar uma misturada

É farinha do mesmo saco

L

A todos os santos do céu

Peço para escutar

Que lhe conduza com muita luz

Para o sucesso alcançar

Quero ver você no pódio

No lugar mais alto

Que um artista pode chegar

LI

Eu peço ao onipotente

Para ele não me levar

Já que contei teu nascimento

Quero assistir e vibrar

Vou dar vivas e gritos

Para todos escutar

A luta foi muito grande

Valeu a pena esperar.

EM MEMÓRIA :

Agora estou prestando esta pequena homenagem a sua mãe! Não seria justo, contar o seu nascimento, e não falar nada sobre ela, por tudo o que passou e seu seu sofrimento na hora do parto !

A luta constante para ver você chegar ao sucesso, Gleide, muito obrigado pela mulher e esposa que você foi, , me ensinou o caminho da vida, me colocou no rumo certo para que eu pudesse superar todos os obstáculos com quais me deparei. Vencemos juntos! Você só me deu orgulho, nunca me decepcionou, mais uma vez muito obrigado de ser para mim um jardim , e nele me deixar plantar a semente do amor; colhemos nossos frutos, três filhas e um filho, que foram a razão do nosso viver. Neste momento, envolvido pela emoção, foi muito difícil para mim, contar o nascimento do Flavio e prestar esta simples mensagem a você, sem sua presença ao meu lado. Mais uma vez meu muito obrigado. Receba de mim e de teus filhos, netos, irmãos, genros e amigos, um beijo e um abraço simbólico, que você guarde na eternidade para sempre. Eu te amo!

Luiz de Souza -(O Velho Maluco )

VELHO MALUCO
Enviado por VELHO MALUCO em 16/08/2010
Código do texto: T2440979
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