Versos rancorosos (Para Elis Regina)

Quando o nosso olhar

se separou...

o meu mundo inteiro

se despedaçou.

Eu não sei como

consegui suportar

a dor de ver

um grande Amor

se acabar.

Quis sair correndo

pela noite nua...

sem rumo e sem

direção.

Quis chamar teu nome

no meio da rua...

te amaldiçoar.

Quis gritar

aos quatro ventos

o meu sofrimento...

em versos rancorosos

desabafar

todo o meu

ressentimento...

até desfalecer.

Mas fiquei aqui

neste apartamento...

com a minha saudade

e o meu arrependimento.

Não posso mais ficar

nesse lugar...

aonde cada lembrança

cada foto

na parede

cada marca impregnada

nos lençóis

me faz lembrar

de nós dois.

O que vou fazer,

não sei dizer.

Vou sair daqui...

trancar a porta.

Jogar as chaves fora

e tentar seguir

em frente.

Vou tentar

te esquecer...

inutilmente.

Denis Correia Ferreira

25/11/2008~17:46

NDA.:

Essa poesia “down em mim”.

Certa vez, escrevi em algum lugar: “Não escrevo tudo o que sinto, porém, sinto tudo o que escrevo” (ou algo assim). Eu encarno mesmo os personagens e as situações que crio.

Foi terrível sentir as garras do desespero no meu coração e a amargura da dor do fim de um grande Amor.

Grande parte da inspiração para esse texto veio da música “Atrás da porta” de autoria de Chico Buarque de Holanda e Francis Hime e interpretada de maneira magistral pela inigualável Elis Regina.

Me inspiro muito nela, que realmente interpretava as músicas que cantava, como se fossem feitas sob medida para ela (não é Bia? Esse comentário foi seu e estou me apropriando dele aqui).

O título deu trabalho. Não conseguia achar um que fosse adequado.

Foi quando eu o reli já pronto que eu notei o “versos rancorosos”.

“Eu nunca escrevi algo assim tão amargo” – pensei. Era forte de mais e então, resolvi usar ele como título.

Gosto de pensar nesse texto como uma letra de música.

Denis (Dreamaker)
Enviado por Denis (Dreamaker) em 15/08/2010
Reeditado em 16/08/2010
Código do texto: T2439986
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