Um exemplo de padrinho
Ser padrinho é um ato que se deve assumir com responsabilidade, pois se assemelha ao papel de pai com obrigações diante ao afilhado criando-se uma ligação de afetividade num relacionamento amigável e saudável.
Nem todas as pessoas têm o privilégio de ter tido padrinho com as racterísticas apontadas. Eu, porém, fui muito feliz em ter o padrinho que tive e , agora, por ocasião das festividades do Centenário de João Silva Filho, dia 30 de julho de 2010, quero relembrar com gratidão a figura inesquecível daquele que muito contribuiu, ao lado de meus pais, para o meu desenvolvimento integral.
Era o ano de 1938. João havia retornado a Parnaíba como médico e tendo Almira como sua noiva. Como profissional, sua fama crescia na cidade devido sua dedicação aos clientes, sobretudo na assistência aos partos feitos a domicílio. Como noivo de Almira, foi muito bem recebido pela familia Moraes Correia tornando-se amigo do casal Joaz e Jeanete. Fazem viagem juntos a Cambuquira, em Minas Gerais e , mamãe, grávida naquela ocasião, convida o casal de noivos para padrinho de um filho prestes a nascer.
No início de outubro, João assiste com esmerada dedicação o parto do ser que logo viria ao mundo e ele se tornaria o padrinho, juntamente com sua noiva Almira. Yeda nasce e, seus pais, a levam a pia batismal em cerimônia religiosa, na igreja matriz, oficializando os padrinhos anteriormente escolhidos.
Com orgulho digo que fui a primeira afilhada de João Silva Filho. O privilégio foi meu numa orientação divina, sem dúvidas. A partir daí, seguiu-se centenas e centenas de outros afilhados que numa listagem só, de memória,seria difícil enumerar todos pelo risco de algum erro.
O certo é que gozei da primazia e sempre o fato era relembrado por ambas às partes, os padrinhos e a afilhada que era a mais querida e, desculpem-me os demais, a preferida.
Meus padrinhos fizeram parte de meu cotidiano pelas várias fases de minha vida desempenhando papeis de verdadeiros padrinhos, agindo com "cara de pais" estando ao meul ado nas ocasiões alegres e tristes. Muito me marcou a presença constante de um padrinho e de uma madrinha com postura de carinho, zêlo e atenção. E a vida exemplar do casal, de amor a família, ao trabalho e a sociedade serviram-me como mira para nortear minha vida.
Assim, hoje,rendo minha homenagem ao meu padrinho João Silva Filho relembrando que, pelas suas mãos , vim ao mundo, pela sua dedicação fui tirada do perigo de um impaludismo pernicioso; pelo seu zêlo com minha saúde fiquei livre de problemas sérios na coluna; na sua companhia, fiz várias viagens e passeios maravilhosos como saudosas temporadas de férias na Pedra do Sal; ao seu lado, tive agradáveis domingueiras no Paraíso usufruindo da passeios de canoas e banhos no rio Igaraçu; na minha adolescência fui aos primeiros bailes, no Casino e AABB, levada pelo casal João e Almira; e , não ficou por aí. Já no início da vida profissional, quando de viagem ao Rio de Janeiro para fazer cursos de especialização, ele não se descuidou de dar-me orientações necessárias e demonstrando sua preocupação fez um cartãozinho de apresentação a velho amigo seu solicitando que me ajudasse em assuntos de minha área. E o amigo , não se fazendo de rogado, convidou-me para trabalhar ao seu lado tornando-se, em terra estranha, também um grande amigo, além de se ser um excelente orientador profissional.Daí em diante as portas do mundo do trabalho permaneceram-se abertas e um padrinho amigo, mesmo de longe, a vibrar pelo sucesso da afilhada.
Finalizando afirmo que tive o padrinho que muitos gostariam de ter tido!
Autoria: Yeda de Moraes Souza Machado
Membro da APAL/Academia Parnaibana de Letras
Ocupante da cadeira n° 33