VOA... ENTRE RAMOS E RAMALHOS
Há dias e dias... mas entre eles há a noite que permite voar...
Declinando versos soltos, reclinados na soleira
Desenhos azuis de caldas, gulas e cometas
Retratos coloridos enfeitados na areia
Não tento a palavra certa, mente reta
Faço da linha minha curva e minha meta
" AVÔHAI"
Composição: Zé Ramalho
Um velho cruza a soleira
De botas longas, de barbas longas
De ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde quarava
Sua camisa e seu alforjeDe caçador...
Oh! Meu velho e Invisível Avôhai!
Oh! Meu velho e Indivisível Avôhai!
Neblina turva e brilhante
Em meu cérebro coágulos de sol
Amanita matutina
E que transparente cortina
Ao meu redor...
E se eu disser
Que é meio sabido
Você diz que é bem pior
E pior do que planeta
Quando perde o girassol...
É o terço de brilhante
Nos dedos de minha avó
E nunca mais eu tive medo
Da porteiraNem também da companheira
Que nunca dormia só...Avôhai!
Avô e Pai
Avôhai!
O brejo cruza a poeira
De fato existe
Um tom mais leve
Na palidez desse pessoal
Pares de olhos tão profundos
Que amargam as pessoas
Que fitar...
Mas que devem sua vida
Sua alma na altura que mandar
São os olhos, são as asas
Cabelos de Avôhai...
Na pedra de turmalina
E no terreiro da usina
Eu me criei
Voava de madrugada
E na cratera condenada
Eu me calei
Se eu calei foi de tristeza
Você cala por calar
E calado vai ficando
Só fala quando eu mandar...
Rebuscando a consciência
Com medo de viajar
Até o meio da cabeça do cometa
Girando na carrapeta
No jogo de improvisar
Entrecortando
Eu sigo dentro a linha reta
Eu tenho a palavra certa
Prá doutor não reclamar...
Avôhai! Avôhai!Avôhai! Avôhai!
( Enviada por: Moisés Cklein PS.: Obrigado amigo!)