Aprendiz
Ao sol que invade fingido,
este fim de tarde,
neste poema;
que ultrapassa os limites do saber,
ou até mesmo.
Quando eu não puder mais escrever...
Desenharei em negrito
o pesadelo dos fracos;
e nos riscos desta escrita,
num guardanapo
ou no melhor papel
que eu puder representar...
a noite triste,
o azul do inverno;
inferno; infinito céu;
um grito.
A linha tênue e suave,
o alvo incerto.
Empunha,
o arco e a flecha entre os dedos,
feito poeta, escreve;
como atirador,mira
no coração, pra matar;
mas não atira.
Acerta em cheio, a alma,
com palavras secas.
Ao opositor despreza
bastardamente;
sangra, mas não sente.
Pra não desistir,
é dor, é fome, e insiste.
Até o verão chegar
e queimar a sua pele;
e no mar,
se lavar com sal.
Porque outros invernos virão
e no meio deles,
as letrinhas bonitas
do teu nome;
estas permanecerão,
como uma estação eterna,
em meu olhar.
Saberás de mim:
-Poeta. Aprendiz;
de tudo que vi,
que ouvi e que fui.
Beatriz.
(Edcunha)