AS BORBOLETAS
Noite de céu sereno. Pássaros que adormecem nas árvores desfolhadas, aliados ao silêncio das garças.
Oceano ao longe, entregue à metamorfose das ondas.
A serenidade daquela noite também vinha do olhar de uma mulher, que apreciava uma borboleta, saindo do aconchego de um casulo, partindo em direção a sua vida breve. Casulo, antes impregnado em um caule áspero, mas envolvido pela maciez de uma mariposa. Esta deixava o seu tórax ser aparentemente abraçado pelo esplendor da noite de céu, alheio à chuva ou a uma constelação livre de possíveis nuvens cinzentas, que ofuscariam o brilho de qualquer espécie de borboletas, até mesmo as cores das raras borboletas azuis, além de empalidecer o sorriso radiante das lendárias fadas. Estas que trazem em seu dorso as asas que caracterizam o simbolismo dos nomes científicos de tantas espécies de borboletas. Fadas, geralmente com o corpo esguio, feito o corpo de uma libélula.
As borboletas são partes integrantes dos tons, que colorem o céu ou apenas se equilibram com as suas cores os reflexos dos raios solares, fazendo a junção desses tons. Sobrevoam as montanhas solitárias, fazendo-lhes companhia, parecendo formar um balé suspenso no ar, celebrando harmonia, perto da vegetação, nas regiões frias e, principalmente, nos buscam despertar um coração infantil, mas também causa fascínio no olhar de uma mulher, atenta às borboletas e ao seu corpo. Por já ter visto partir do seu ventre, seu casulo, a concepção de um ser sublime, que lhe fez entender o amor incondicional, dentro da etapa final da metamorfose das suas células.
Este período lhe fez suspirar mais forte. Não só pela beleza das borboletas, mas com a leveza de um sentimento que seguia por todo o seu ventre e partia em direção a sua vida nova. Esta que surgira da celebração de duas vidas, aliadas ao silêncio do céu.