Frida khalo, uma mulher fascinante- Giselle Sato
Em 07 de Julho de 1907, na cidade de Coyoacán no México, nasceu Magdalena Carmen Frida Klalo y Calderón, a conhecida pintora mexicana Frida Khalo. Seu pai era um judeu húngaro e a mãe, uma mexicana descendente de espanhóis e índios.
Para compreender Frida é importante entender que suas raízes foram extremamente importantes na composição de sua personalidade.
É possível visualizar a dualidade da artista através de seu quadro Las dos Fridas de 1939, nele sentimos o sentimento que movimentou a vida desta mulher fascinante.
Na forma de auto-retratos ela exorcizava a própria dor que a atormentava, devido às graves seqüelas pós cirúrgicas. O calvário da artista iniciou com a poliomielite na infância, e mais tarde um acidente gravíssimo na juventude que condenou Frida a longos períodos acamada, cirurgias dolorosas e procedimentos pós-cirúrgicos como coletes ortopédicos pesadíssimos que não permitiam o menor movimento. Frida pintava seus quadros deitada na cama, usando um cavalete adaptado e um espelho onde reproduzia séries de sua condição sem se preocupar em ocultar detalhes cruéis, como os tratamentos à que se submetia constantemente.
Frida Khalo criou um personagem para enfrentar o mundo com altivez e ocultar suas fragilidades, tristezas e mágoas. Suas pinturas retratam momentos desta história, uma mulher que se submeteu a trinta cirurgias, entre as quais sete de coluna, em uma época em que a medicina não tinha os recursos atuais.
A influencia da obras de Khalo até hoje estão presentes no nosso cotidiano, servindo como inspiração para coleções de moda e referência por seu estilo que mesclavam as cores vibrantes da cultura indígena local com o realismo, simbolismo e surrealismo. Um mundo próprio que exigia completo despojamento de preconceitos antes de mergulhar em seu conturbado e exótico universo.
A vida amorosa de Khalo é uma pitada a mais em sua conturbada existência. Casou-se aos vinte e um anos com Diego Rivera, um dos maiores muralistas mexicanos, precursor da arte em muros e escadarias. O artista expunha suas pinturas onde o povo pudesse ter contato direto, e repudiava a elite que segregava a cultura aos privilegiados. Diego Rivera era engajado ao movimento marxista, defendia os direitos do povo indígena contra a exploração apoiada pela igreja católica e muitas vezes tomou atitudes extremas. Diego disse à jovem esposa a frase que a acompanhou por toda vida:
'Pega da vida tudo o que ela te der, seja o que for, sempre que te interesse e possa dar certo.'
Frida divulgava suas preocupações com os problemas sociais e culturais, no entanto nunca quis associar-se a qualquer movimento artístico.
Acima de tudo prezava sua liberdade de escolhas e não aceitava rótulos. Sua expressão artística nem sempre foi compreendida e isto nunca a impediu de prosseguir em seu estilo.
Naquela época Frida Khalo era uma bissexual assumida , adepta do casamento aberto e das novas experiências . Diego e Frida mantinham casos extraconjugais assentidos e nem por isso, isentos de cenas tempestuosas de ciúmes e posse.
Ambos brigavam e amavam com a mesma intensidade, apesar de pregarem a liberdade sexual e o desprendimento, constantemente a paixão falava mais alto e as teorias entravam em conflito com a realidade. Ele não admitia que Frida tivesse casos com outros homens, mas não se importava com suas namoradas ocasionais.
Ela manteve a postura liberal até descobrir que sua irmã mais nova, era amante do marido e com ele teve seis filhos. Constatar a existência destas crianças foi crucial, já que por sua frágil constituição física Frida não levou ao final nenhuma de suas gestações.
Arte e amor caminhavam juntos para Khalo, que deixou em suas pinturas as marcas das dores da separação em depois a alegria da reconciliação, sempre temperadas com muitas brigas e desavenças. Ambos eram intensos, geniosos e não cediam em suas convicções. Frida tinha uma personalidade fascinante, era articulada, criativa e quando estava feliz, exibia uma exuberância capaz de seduzir todos que partilhavam suas festas e reuniões.
Foi precursora e criou a própria moda baseada em figurinos que ocultavam sua deficiência física e evidenciavam saias longas cheias de detalhes e calças compridas de cortes perfeitos.
Frida tinha o dom de tornar sua presença um espetáculo de cores e efeitos, os enfeites nos cabelos equilibravam adornos, flores e minúcias preciosas. As pessoas na época tinham-na como um ícone e imitavam sua forma de vestir, era admirada e respeitada. Hoje entendemos que ela transformou-se em uma obra viva, roubando toda a atenção para a beleza exótica que exibia e desta forma, minimizando as imperfeições do corpo alquebrado.
Após lutar contra uma infecção no pé esquerdo que durou praticamente a vida inteira, foi submetida a uma amputação e tornou-se extremamente infeliz e depressiva. Em 1954, foi encontrada morta e seu atestado de óbito registra embolia pulmonar, mas as seguintes anotações em seu diário sugerem a hipótese de suicídio:
'Espero alegre a minha partida - e espero não retornar nunca mais.'
Há quem suspeite que foi envenenada por uma das amantes de Rivera, o que confere à sua morte um quê de mistério.
Não poderia ser menos trágico e controverso, bem de acordo com a vida da grande artista. Suas obras retratam minúcias de toda sua vida, momentos e segredos são partilhados nos detalhes que a pintura expõe e devem ser observados com cuidado.
Há muito da história de Frida que não foi dito, mas como um prisma reflete cores e formas, podemos enxergar diversas facetas e fazer nossa próprias escolhas. O importante é que seu legado permanece intacto em importância e inspiração e sua obra é atemporal. Frida é para todo o sempre.