Reincidência

Hoje peço licença para homenagear.

Já o fiz de muitas maneiras, não vou negar.

Mas por alguma razão relaxada, protelei o que nunca ignorei. Acho que deve ser fruto de algum medo de transformar em som ou traços, de criar um enredo e então fazer deixar de ser. Como se o suspiro do encanto dependia do notar sem histeria.

Mas hoje a voz da necessidade e a incoerente carência de justiça proferiram sua existência, tirando das mãos o que protegia dormente e trancava meio demente. Tudo pra contar a você que, admirações a parte, eu gosto é do que reparte e de como o faz ser suave e também sua arte.

Que o cobiçado elogio sem investimento, a eterna torcida recíproca, o mundo que foi apresentado e agora é oferecido, os mimos que foram duvidados e se estabeleceram naturalmente, os prazeres inexistentes compartilhados e os existentes tão presentes (pela mera companhia e mútua busca por sabedoria), enfim, o ser sua companheira e nossa louca sinergia, me fazem novamente deixar de querer expressar mais.

Simplesmente voltar a resguardar o que esse rapaz me traz. Porque de quase todo tipo de surpresa ele é capaz. E dizer, na busca inútil por ser eficaz, que a maior gentileza que um ser humano pode gerar, de todas as formas, ele me faz. E que das contenções necessárias (em sua maioria hilárias) ao amor constantemente declarado, a alegria em minha vida é, sem dúvida, seu maior legado.