O Evangelho segundo Saramago

Somos todos peregrinos sobre a terra. Grandes ou pequenos, ricos ou pobres, brancos, negros ou amarelos. Cada qual vivendo sua epopéia, cada qual anunciando suas boas novas. E assim passamos por aqui, modificamos nosso tempo, deixamos as nossas marcas. Mas o que se dizer de um gênio que nos deixa? O que escrever em homenagem àquele que partiu para o desconhecido, após tantas narrativas de aventura? O que falar, quando a voz do mestre se calou, após o anúncio de um evangelho peregrino de tantas personagens em nossa querida língua portuguesa? .Como se despedir convenientemente de um mestre das letras, que criou um admirável estilo para contar suas histórias, quebrando o paradigma da pontuação e instigando o leitor para navegar no oceano suave das calmarias portuguesas?

Seu coterrâneo diria que navegar é preciso, viver não é preciso...

... mas para onde navegarão as palavras de nosso admirável português?

Nos despedimos de nosso querido Saramago, lembrando da imagem de uma foto que lembra um abraço. Certamente gostaríamos de abraçá-lo uma vez mais, esperando que sua próxima obra trouxesse mais uma surpreendente viagem, acompanhada talvez de personagens cegos ou de Jesus falando de si mesmo. Certamente gostaríamos de abraçar a língua portuguesa que amamos através de seu abraço. Certamente gostaríamos de ouvi-lo uma vez mais dizer, ao receber a maior láurea de um escritor: "Viva a língua portuguesa!".

Ele nos deixa... mas não nos deixa órfãos. Deixa-nos uma obra vasta para nos consolar nas nossas horas de saudade. Deixa-nos uma eternidade gravada em letras elegantemente espalhadas pelas tantas páginas sem pontuação.

Marco Antonio Vasquez
Enviado por Marco Antonio Vasquez em 18/06/2010
Código do texto: T2328038
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