JOSE SARAMAGO
Morreu José Saramago, um escritor completo, esta é uma definição do que foi este escritor português, um cidadão comunista que sempre fiel aos seus ideais, não os deixou morrer quando caiu a cortina de ferro mudando os sistemas dos países socialistas sob esta ideologia.
Um homem sem dobras na língua, discutiu sobre, escreveu, criticou pessoas, pátrias, conceitos e culturas não na defensiva de quem acusa mas com a convicção esclarecedora de que o que lhe saía da boca tinha a guarida da razão, e teria em qualquer tempo a superlativa valorização da civilização, e sempre o teve, embora controvérsias vencidas pela maioria admiradora e seguidoradora de suas idéias.
Saramago foi poeta, um homem que nasceu pobre e ganhou o mundo através das palavras é o Premio Nobel de literatura em 1998, uma importância grandiosa que o mundo lhe confere e que veio a somar ao seu extraordinário talento, que os irmãos lusos sempre souberam e agora ainda mais vão saber venerar em seu país.
Nunca tivemos um Premio Nobel de literatura, e talvez por isso, Castro Alves, Álvares de Azevedo, Raquel de Queiroz, Graciliano Ramos, Olavo Bilac, Euclides da Cunha, e muitos outros não sejam conhecidos e até ignorados, somos um povo que guarda a emotividade de frases, poemas, pensamentos, mas nunca o nome de quem os fez. Emociona-nos a historia de Canudos, mas não sabemos quem nos trouxe até hoje, Vidas Secas é maravilhosa, mas quem a fez? A maioria de nós não saberia dizer. O que é feito hoje e não é sabido é prova de que as palavras têm valor subjetivo no mundo atual.
Somos capazes de guardar poemas inteiros, de Florbela Espanca (Fanatismo) ou de Vinicius de Morais (Soneto de fidelidade), e nada sabemos do "nosso" Saramago, Jorge Amado ou de Gilberto Freire outro ícone da literatura nacional, o que perdemos com isso?
Para alguns, muito como pessoas, para outros nada. Mas como sociedade, faremos no futuro parte de um vazio histórico sem memória e quando formos falar aos nossos netos e bisnetos sobre a historia da nossa literatura, simplesmente colocaremos um DVD do assunto para tocar.
Não quero dizer com isso que se deva sair lendo tudo que for possível, não, a leitura é uma cultura, que nasce como hábito que passa de pai para filho, de geração para geração, me parece mais desenvolvido culturalmente o povo europeu, até pelas condições para o desenvolvimento, mas a repercução da morte de Saramago, não foi porque ele é premio Nobel de literatura, os portugueses o amam e conhecem tudo a respeito dele, sabem tudo de Fernando Pessoa, de Camões, de Florbela Espanca, não só sabem tudo de Sá de Miranda e Gil Vicente, mas os estudam didaticamente nas escolas, isto é valorizar a literatura nacional, não se trata de inculcar a literatura em todos, mas propagar a leitura primeiramente e depois o amor aos seus homens e mulheres que dedicam as suas vidas para deixar em palavras a sabedoria para que um povo não caia no ostracismo da ignorância literária.
A morte de Saramago nos faz acordar, para o que deveria ser mais que visível, deveria ser primordial para o desenvolvimento de uma nação.
Malgaxe
Morreu José Saramago, um escritor completo, esta é uma definição do que foi este escritor português, um cidadão comunista que sempre fiel aos seus ideais, não os deixou morrer quando caiu a cortina de ferro mudando os sistemas dos países socialistas sob esta ideologia.
Um homem sem dobras na língua, discutiu sobre, escreveu, criticou pessoas, pátrias, conceitos e culturas não na defensiva de quem acusa mas com a convicção esclarecedora de que o que lhe saía da boca tinha a guarida da razão, e teria em qualquer tempo a superlativa valorização da civilização, e sempre o teve, embora controvérsias vencidas pela maioria admiradora e seguidoradora de suas idéias.
Saramago foi poeta, um homem que nasceu pobre e ganhou o mundo através das palavras é o Premio Nobel de literatura em 1998, uma importância grandiosa que o mundo lhe confere e que veio a somar ao seu extraordinário talento, que os irmãos lusos sempre souberam e agora ainda mais vão saber venerar em seu país.
Nunca tivemos um Premio Nobel de literatura, e talvez por isso, Castro Alves, Álvares de Azevedo, Raquel de Queiroz, Graciliano Ramos, Olavo Bilac, Euclides da Cunha, e muitos outros não sejam conhecidos e até ignorados, somos um povo que guarda a emotividade de frases, poemas, pensamentos, mas nunca o nome de quem os fez. Emociona-nos a historia de Canudos, mas não sabemos quem nos trouxe até hoje, Vidas Secas é maravilhosa, mas quem a fez? A maioria de nós não saberia dizer. O que é feito hoje e não é sabido é prova de que as palavras têm valor subjetivo no mundo atual.
Somos capazes de guardar poemas inteiros, de Florbela Espanca (Fanatismo) ou de Vinicius de Morais (Soneto de fidelidade), e nada sabemos do "nosso" Saramago, Jorge Amado ou de Gilberto Freire outro ícone da literatura nacional, o que perdemos com isso?
Para alguns, muito como pessoas, para outros nada. Mas como sociedade, faremos no futuro parte de um vazio histórico sem memória e quando formos falar aos nossos netos e bisnetos sobre a historia da nossa literatura, simplesmente colocaremos um DVD do assunto para tocar.
Não quero dizer com isso que se deva sair lendo tudo que for possível, não, a leitura é uma cultura, que nasce como hábito que passa de pai para filho, de geração para geração, me parece mais desenvolvido culturalmente o povo europeu, até pelas condições para o desenvolvimento, mas a repercução da morte de Saramago, não foi porque ele é premio Nobel de literatura, os portugueses o amam e conhecem tudo a respeito dele, sabem tudo de Fernando Pessoa, de Camões, de Florbela Espanca, não só sabem tudo de Sá de Miranda e Gil Vicente, mas os estudam didaticamente nas escolas, isto é valorizar a literatura nacional, não se trata de inculcar a literatura em todos, mas propagar a leitura primeiramente e depois o amor aos seus homens e mulheres que dedicam as suas vidas para deixar em palavras a sabedoria para que um povo não caia no ostracismo da ignorância literária.
A morte de Saramago nos faz acordar, para o que deveria ser mais que visível, deveria ser primordial para o desenvolvimento de uma nação.
Malgaxe