LINDAS NUVENS

A toda hora dizemos que não podemos deixar tal data ou situação passar em brancas nuvens. Isto quer dizer que devemos comemorá-la, festejá-la. Brancas nuvens são tão bonitas, parecem feitas de algodão. Temos a impressão de que são fofas e macias. Ao se movimentar, elas vão formando figuras que a imaginação se encarrega de transformar diante de nossos olhos extasiados. Carneiros pulando, cavalos velozes quase voadores, esguios vultos humanos, monstros terríveis. Delicadas mulheres de longos cabelos esvoaçantes. Anjos brincando com crianças. Tudo aparecendo e desaparecendo rapidamente. Nunca se perde o azul do céu, as nuvens se vão e o dia continua radioso. O momento é de magia. Só não o associamos à tal data ou situação importante porque ele é fugaz. Momento maravilhoso, porém passageiro.

Nuvens cinzentas, densas, essas viram chuva. E a chuva boa limpa o ar, umedece a terra, faz as plantas brotarem. Renova a vida. Talvez antigamente se dissesse que a data precisava ser passada em “nuvens cinzentas”, porque uma data importante é marco de acontecimento também importante. Alguma coisa aconteceu e o momento ficou marcado para sempre. Mas essa maneira de falar, se algum dia existiu, perdeu-se no tempo e na memória das pessoas.

Por isso agora volto com a expressão imaginada. Que a Associação dos Nefelibatas seja marcada por nuvens densas, cheias de poesia, de boas criações, de belos textos... Tão lindos como aquelas brancas nuvens.

******

Texto reeditado, publicado na Usina de Letras em 01/09/2007