REGISTRO PARA GONZAGUINHA
Como o pai, “rei do baião”,
trilhou carreira de brilho;
com menos léguas de música,
saiu-se ao velho o tal filho.
Artista de mil sucessos,
fez todo o Brasil cantar,
pois cantor-compositor
ao gosto bem popular.
Quando, por aqui, reinavam
leis de exceção e terror,
firme, gravou seus protestos
com ousado destemor.
Ô xente, coisa sem graça
é conter-se a comoção:
vai-se alguém, nem se despede,
calam-se os ais da canção.
A voz que gritou protesto
dói (surda) nos violões,
mas perdurará nos xotes,
xaxados, forrós, baiões.
Foi-se o pai, depois o filho;
chorou primeiro o Nordeste.
Agora, perde o País
dois grandes cabras da peste.
Lá no Além, é quase certo,
Gonzagão e Gonzaguinha
devem formar parceria,
numa imortal dobradinha.
(Maio de 1991)
Fort., 10/06/2010.