Ana
...seus cachos, até hoje me lembram nossas conversas, seu cheiro exibe nossos olhares. As risadas ficam escondidas em algum lugar, de muitas, não tive vontade de escapar. Mãe, meu berço, ainda são seus braços, já não tenho medo do escuro, não sinto barulhos, já sei o que faço quando tenho um pesadelo, conto para a primeira pessoa, para afastar a lembrança. Mas ainda não sei parar o mundo, foi o fim do mundo e é o fim do mundo até hoje! Fiquei com as lágrimas, e o tempo me aperta, mas nunca pergunto porque. Levanto os olhos e sempre me devolves o olhar, meu coração continua batendo de frente pra voce, sem disfarce algum. Tudo o que eu sei e tudo o que não sei, aprendi com voce, sua dignidade ficou por dentro e ninguém tira. Lembrar é como se estivesse olhando um espelho, quanto mais eu compeendo isso, mais quero entrar nele. Mãe, não se preocupe, tudo que me ensinou, eu faço, não importa que a vida seja um deserto como cenário, não importa, se ela minta ou não, em breve acabará. Se sentir saudades, basta agitar o coração e estarei lá, antes da moeda cair...