PALÁCIO DAS ÁGUIAS
Transporto-me a suas origens...
Risos femininos,
Fragrância doce no ar,
Vozes ecoam pelo salão iluminado
Senhores de engenho a confabular
Elogios ao sabor de vinho, galanteios
De um tempo dourado...
Em seu interior brilharam tantos rubis
Acompanhando distintas damas
Que passaram por aqui,
Ouço um barulho
Soa como melodia
São as ondas do mar?
Ou serão as águas do rio?
Deitado, logo ali, vejo-o, pela janela
É o Itapemirim deslizando para sua foz
Águas límpidas, escurecendo
Tornam-se amarelas.
O espigão começa ali e vai até a Taputera
Ilha pequenina, ideal para estar a sós
Investir num piquenique ou, quem sabe, numa paquera.
Um inseto tira-me do devaneio
Vejo então o que restou
Paredes protestam o descaso,
Mal escondem o receio
De serem entregues ao acaso
O que não se conservou
Mesmo tombado, acabou abandonado.
O chão por onde caminho
Recusam-se a firmar meus passos,
Vejo, então, um telhado
A revelar segredos
Por muito tempo, guardados
Escapam pelas fendas, junto com os passarinhos
Que entram e saem apressados.
Lá fora, bem no alto
Uma águia solitária,
Deformada,
Chora a ausência de sua amada!
O tempo a levou ou o vento a despedaçou,
O que se vê no momento
É que apenas uma restou!
O tempo passa e, com ele, nosso patrimônio histórico
Marataízes fica sem registros, sem memória
Num futuro próximo, vozes uníssonas a lamentar
Questionando pelas lembranças
De seu período de glória:
O Palácio das Águias
Já não se encontra em seu lugar!
TEXTO ESCRITO EM 1999 POR OCASIÃO DE UMA PESQUISA DE CAMPO REALIZADA NO MUNICÍPIO, A PEDIDO DA FACULDADE. HOJE, FELIZMENTE, O REFERIDO PATRIMÔNIO PASSA POR UMA RESTAURAÇÃO, PROMETO VISITÁ-LO ASSIM QUE AS OBRAS FOREM CONCLUÍDAS E, QUEM SABE, HOMENAGEÁ-LO MAIS UMA VEZ!