Nasceu por acaso! Homenagem às Mães...
Em um berço pequenino um bebê gerado aos seis meses, frágil e delicado! Não dá vontade de tocá-lo, mas é meu filho e preciso tê-lo em meus braços.
Lágrimas percorrem meu rosto quando olho para aquele ser tão pequenino, que cabe na palma da mão. Quando lembro ter saído da maternidade sem ele em meus braços, quando recordo que não estava preparada para ter mais um filho e mesmo sendo medicada regularmente recebi a surpresa de mais uma gestação.
Agora, mais uma criança para alimentar, mas esta não igual às outras, agora é como se estivesse diante de uma boneca de porcelana, que a qualquer ventinho vem ao chão e pode se quebrar. Além dos olhares dos demais que acreditam ser minha inconseqüência!
Palavras que soaram como um depoimento, e saíram da garganta e do coração de uma mãe, a vinte e tantos anos atrás. Os anos passaram e a garotinha que cabia na palma da mão, cresceu com uma força incomparável, tendo peso, altura e saúde.
Um bebê de seis meses de gestação tem uma probabilidade muito grande de não sobreviver, ainda mais vivendo em condições tão precárias como as da família Antunes, vendiam o almoço para comprar a janta e dividir entre oito pessoas. Pai e mãe assalariados.
Ângela tomava anticoncepcional, quando descobriu que estava grávida do sexto filho, não só não esperava por mais uma criança, como não poderia ter mais um filho. Com o nascimento do primeiro filho Paulo parou o curso na faculdade e agora não possuía profissão nenhuma, era disciplinário em um colégio, e o que recebia mal dava para pagar as contas em casa. Com a chegada de Patrícia, precisariam de mais dinheiro para o sustento do lar, Paulo perdeu a cabeça, e vivia acusando Ângela de não ter tomado os medicamentos corretamente. O que não era verdade, até hoje não se sabe o porquê Patrícia foi gerada. Mas se Nasceu a criança, provavelmente era por que Deus tinha um propósito para sua vida, e depois de ter nascido tão pequenina estar viva só poderia ser planos de Deus.
E isso foi ensinado à pequenina, que ainda muito nova pensava em ser freira, mas não era católica, então pensava em ser missionária mais tarde, com as contingencias da vida, Patrícia esqueceu-se da vontade de ser missionária, e dedicou-se nos estudos, não suportava sangue, por isso não seria Médica, então pensou em ser Empresária, e se dedicou para isso. Patrícia sempre se lembrava que tinha uma dívida para com a humanidade, pois nascera de uma forma tão difícil, aos três anos sua mãe descobriu o câncer e quase morreu, porém Deus a livrou da morte e permitiu que ela vivesse até Patrícia completar 19 anos, o que aumentou a dívida de Patrícia. O tempo passou e a garota começou a se cobrar em demasia. Entrou em crise existencial, não tinha mais prazer na vida, mas se sentia obrigada a viver, afinal, foi livrada da morte diversas vezes, começando por nascer apesar dos anticoncepcionais.
Voltou a acreditar que o erro estava em não ter seguido o chamado para missões, e quando decidiu abrir mão de seus sonhos e ideais por amor ao evangélio, entrou em uma verdadeira confusão mental. Com pensamentos como este: Que culpa eu tenho por ter nascido desta forma, eu não escolhi nascer, fui obrigada! Novamente decidiu fazer diferente. Vou viver agora sem dívida, não devo ao mundo o fato de eu ter nascido, não devo ao mundo o fato de ter sobrevivido, não devo ao mundo os meus sonhos...
Ainda há esperança de se alcançar um sonho apesar do tempo perdido, às vezes Patrícia se olha no espelho e se pergunta: Essa roupa eu gostaria de vestir, ou Sei que o mundo gostaria de me ver dentro dela?
Pode até ser bonito ter nascido de forma tão difícil e sobreviver para contar a história, mas para Patrícia isso tem sido um peso. Abrir mão de tudo que lhe foi ensinado e tentar criar seus próprios conceitos sobre a vida, é uma tarefa árdua, mas se há possibilidade, haverá tentativa!
Hoje é dia das Mães, e Patrícia, não sabe se agradece a Deus por tua mãe, que já não está entre nós, ou se simplesmente tenta dizer que foi importante ter tido uma mãe. Sentir-se peso por ter sido filha, torna desagradável ter tido uma mãe, por mais especial que ela possa ter sido!
Patrícia queria beijar sua mãe e dizer Te Amo, desculpa por ter vindo inesperadamente! Mas como já não pode mais, recorda os bons momentos ao lado da sua majestosa mãe, e agradece a Deus por permitir que apesar de ter sido desta forma, sua mãe não desistiu dela. Tudo pode estar sendo muito difícil para Patrícia mas uma coisa que nunca negará, por que veio à esse mundo ela não sabe, mas que anjos existem ela não tem dúvidas, pois teve uma mãe para abraçar!
Mãe é o ser que acolhe se nega para ter em seus braços aquele que Deus lhe presenteou!
Apesar de toda a dificuldade, eu tenho certeza que Ângela, olhava para sua filha como um presente precioso de Deus, Por que Ser mãe é ver com olhos puros, e não negar a beleza da gestação... Ser mãe e sentir prestigiada ao prestigiar!
Fica aqui minha homenagem a todas as mães! Àquelas que viram seus filhos tão pequeninos e clamaram para que eles sobrevivessem àquelas, que carregaram o peso de ser mãe quando seus companheiros não queriam compartilhar desta benção... E a todas as outras que foram permitidas serem mães!