MÃE - SE MAIS TEMPO EU TIVESSE...

Acordar manhãzinha,

cheiro bom de café no fogo,

a mesa, de certo posta, paciência ela não tinha...

o jeito rude e brejeiro, pano de algodão na cabeça.

A cuidar dos pintainhos, cravos e rosinhas

tinha também onze horas, lirios, e margaridas,

o quintal era seu, parque,

dava de come aos bichos, cantarolando bem alto.

Mãe!... já vou pra escola

-tomou café, minha filha ?

leva a "flô", pra professora,

e diz que a mãe é que mandô!

quando soltos, os meus cabelos,

dela aprovação, não tinha

dizia, ser ninho de gato ou piolho,

preso sim! - assim eu ia...

Por vezes eu acordava

no meio da noite fria,

lá estava ela, presente,

me agasalhando contente,

As vezes caçava pulgas com uma agulha na mão

na minha cama, não tinha, mais se houvesse então...

-seria, um dia de cão...

meus irmão é que sofriam,

quando, a praga encontrada, espetada na gulha,

se ouvia de dona Maria...

-deixa te estar, quando amanhecer o dia,

mato a dentro, a catar lenha...

ferver, roupas e cobertas

por no sól, cochão e vestes

ah! se em outro dia, achasse, outra pulga

aí se ouvia... resenhas de dona Maria.

Na cozinha, com fartura

cozinhava feliz e contente

carne seca no feijão,

panela de sarapatel, frango no colorau,

com quiabo ou molho pardo...

sobremesa, que delicia,

bolo de banana em fatias,

e pra um gosto diferenciado pudim de pão,

no capricho

ou bolinhos de frigideira

Como ela ninguém mais fez,

da-se a receita ou sem ela,

a olho ela media,

leite, açucar e fermento

ovos, sal e farinha.

Todos, já na imensa sala,

aguardando com certa euforia

la vinha, ela brejeira, de bandeja cheia

trazia, os bolinhos prontos

o bule de café e canecas.

Todos, a se deliciar,

tanta poesia no ar,

que falta eu sinto de voce minha mãe!

Dias das mães era,

sagrado, todos irmãos lá estavão

ao chegar, ela faceira, roupa de festa

e bem penteada, lá estava a dona Maria,

O dia era de alegria, de tudo se dava e acontecia.

Mais tinha uma coisa de certo,

severidade e energia era dela o prato principal

que não pisasse nos calos, nem lhe faltasse

respeito, fosse quem fosse o tal.

Estando em Cristo dormindo,

por certo bem perto de meu pai,

os dois se foram, e deixaram...

orfãos, a recordar!

A de chegar o dia, que também, vou estar

chamada, por Cristo Jesus

Caminhando em plenas nuvens

por certo minha mãe abraçar!

Cida Cortes
Enviado por Cida Cortes em 08/05/2010
Reeditado em 03/06/2010
Código do texto: T2244418
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