PEDACINHO DE PAPEL
Há muito não nos encontramos, não nos entendemos e não falamos nada um ao outro. Estou sentindo falta do nosso convívio, antes tão assíduo, hoje quase inexistente.
Nunca mais falei pra você das minhas alegrias, das minhas tristezas, dos meus desejos, enfim, da minha vida.
Logo você, que sempre soube me ouvir, eu abandonei.
Também você não diz nada! Não grita, não briga, não tenta me contradizer. Ouve, cala, sente a aspereza ou delicadeza dos meus sentimentos através das minhas mãos e, quando muito, ao olhar pra você e tentar sentir a reação do que eu disse, ouço um eco confirmando o que contei.
Às vezes não é muito nítido o eco do que falei; outras, basta ler em você para perceber que captou tudo que eu queria que entendesse.
Quando me apresentaram a você e falaram das suas qualidades eu não sabia valorizá-las.
O tempo foi passando e fui sempre me apegando a você.
Hoje, mesmo que não nos encontremos, nos momentos de confidência, com a mesma frequência de há alguns anos, de maneira formal continuamos um ao lado do outro.
Por tudo isto sou grata às pessoas que nos apresentaram, e a você por não ter se afastado de mim.
Eu gosto de você muito, mesmo, e não quero que se afaste das minhas ilusões, dos meus amores, dos meus sucessos e dos meus fracassos.
Continue comigo, sim? Por favor!
Agora estamos juntinhos e estou feliz.
Ajuda-me a não me afastar tanto de você!
É gostoso poder falar livremente sobre tudo que sinto e ver que nos entendemos.
Obrigada. Você é um amor!
Dalva da Trindade S Oliveira
08.08.1976 - 21h