A minha mãe Elisete

Ser mãe é mais do que padecer no paraíso.

Ser mãe é mais do que simplesmente gerar outro ser.

Ser mãe é submergir num mundo de sonhos realizados.

É poder estar viva num outro ser quando não mais se vive.

É poder ser eternamente lembrada.

Ser sentida.

Tocada.

Amada.

É poder ter a certeza de que sempre terá um sonho a mais.

Um sonho de outro.

Ser mãe é ter o prazer doloroso de dar a luz.

É poder olhar nos olhos de outro e se ver bem lá no fundo.

Ser mãe é renunciar ao ‘eu’ e passar a adotar o ‘nós’.

É dar sustento ao corpo que ainda é o seu corpo.

Ser mãe é chorar junto.

Ser mãe é sorrir junto.

Ser mãe é sentir junto.

Ainda que não se queira.

Ser mãe é passar noites em claro esperando que o seu filho volte.

Ser mãe é abarrotar o armário de papéis com rabiscos que dizem ser estrelas e casas e nuvens.

Ser mãe é ouvir ‘eu te amo’ por curtos cinco anos e depois só em casos especiais.

Ser mãe é ter que fazer o filho chorar para que ele entenda todo o amor que existe por ele.

Ser mãe é ter que ouvir o filho te chamar de injusta, sem mesmo saber o porquê fez o que fez.

É ter que chorar escondido durante a ausência.

É ter que ser além de mãe, amiga, guarda-costas, carrasco, salvador e outros mais.

Ser mãe é ter que rir de uma piada sem graça só para arrancar uma gargalhada ainda maior.

Ser mãe não é dizer ao filho o que ele quer ouvir.

Ser mãe é dizer ao filho o que ele precisa ouvir.

Sem medo. Sem dor.

Ser mãe, é simplesmente amar.