SEGURANÇA NO AMOR DE MÂE (Homenagem à minha mãe: Maria José Ferreira de Andrade)

Era uma tarde de maio, o aroma de bolinhos fritos pairava no ar, despertando lembranças adormecidas em meu coração. Sentado à mesa da cozinha, onde tantas vezes vi minha mãe preparar aquelas delícias, fui transportado no tempo, revivendo momentos que moldaram minha essência.

Maria José Ferreira de Andrade, minha mãe, carregava em seu nome a essência da Sagrada Família. Como seu nome predestinava, ela foi meu porto seguro, uma manjedoura acolhedora em meio às tempestades da vida. Seu amor era um fogo inextinguível, que aquecia minha alma mesmo nos dias mais frios de minha rebeldia juvenil.

Ainda menino, ela me ensinou as primeiras lições sobre trabalho e honestidade. Com seus bolinhos fritos, que eu vendia na porta da escola, aprendi o valor do esforço e da perseverança. Cada moeda que tilintava em minha mão era um testemunho silencioso de seu amor traduzido em atos concretos.

Seu amor me ofereceu não apenas uma segunda chance, mas inúmeras. Em seus olhos, eu era sempre aquele menininho que precisava de mais uma oportunidade para acertar. Mesmo quando minhas palavras a feriam ou meu comportamento me tornava indigno de seu afeto, ela permanecia firme, suas brasas de amor ardendo sobre minha cabeça rebelde.

Seus castigos e repreensões, que na época pareciam injustos, hoje entendo como expressões de um amor que desejava me ver trilhar o caminho do bem. Como um habilidoso ferreiro, ela usava o calor de seu amor e a firmeza de sua disciplina para moldar meu caráter, consertando com ferro e madeira as falhas de minha personalidade em formação.

Com o tempo, compreendi que ninguém, a não ser eu mesmo, poderia me separar do coração de minha mãe. Seu cheiro, seus cuidados, seu olhar - tudo isso era um chamado constante para que eu retornasse ao lar, como o filho pródigo que finalmente entende o valor do amor incondicional.

Num dia como qualquer outro, ela partiu. A despedida eterna que nunca aceitei completamente. Como poderia? Seu amor parecia tão vasto, tão eterno, que a ideia de sua ausência era inconcebível. Mas descobri que o amor de mãe transcende a presença física. Ele vive em mim, nas lembranças, nos ensinamentos, nas energias etéreas que sinto quando mais preciso de conforto.

Hoje, no segundo domingo de maio, dia oficialmente dedicado às mães desde 1932 por decreto de Getúlio Vargas, reflito sobre essa corrente viva de amor que nasce no íntimo de Deus e chega até nós. Penso em minha mãe e sei que, de alguma forma, ela também pensa em mim. Nosso elo é eterno, inesgotável, fluindo para sempre de onde quer que ela esteja.

Vivo cada dia tentando honrar seu legado, absorvendo suas energias e vivendo da maneira que sei que a faria sorrir. Pois entendi, finalmente, que o amor de mãe é uma força que nem mesmo a morte pode apagar. Ele continua, vivo e pulsante, em cada ato de bondade, em cada lembrança doce, em cada bolinho frito que ainda faço, mantendo viva a chama de seu amor eterno.

E você, caro leitor, como mantém viva a chama do amor de sua mãe? Pois saiba que, assim como em minha experiência, o amor dela por você é eterno, transcendendo tempo e espaço, sempre pronto para aquecer seu coração nos momentos em que mais precisar.

Duas questões discursivas sobre o texto:

1. O texto apresenta uma visão profunda sobre o amor materno. De acordo com o autor, quais são as características mais marcantes desse amor e como ele influencia a formação da identidade de um indivíduo?

Esta questão convida os alunos a refletirem sobre a complexidade do amor materno, suas diferentes manifestações e o impacto que ele exerce na construção da personalidade.

2. O autor utiliza diversas metáforas para descrever o amor materno. Analise essas metáforas e explique como elas contribuem para a compreensão da profundidade e complexidade desse sentimento.

Esta questão estimula os alunos a analisarem a linguagem figurada utilizada no texto e a refletirem sobre como as metáforas podem enriquecer a nossa compreensão de experiências emocionais complexas.