As mães são sempre o foco dos sentimentos que o homem coloca em evidência. Alguns poetas eternizaram em seus versos amores filiais únicos, que o passar dos anos não envelheceu. Deixaram apenas de serem atuais.
Hoje ainda a grande maioria dos filhos dá à suas mães um carinho especial. Mas existem aqueles que deixam o coração materno apenas na tristeza da espera.
Minha mãe tinha duas datas do ano que ela se dava ao luxo de dedicar a essa esperança, a de ter a presença dos seres que pôs no mundo. O dia de seu aniversário e o dia das mães.
Logo cedinho pulava da cama, vestia-se esmeradamente, perfumava-se e ficava esperando. Como alguns dos filhos moravam longe, ela postava-se ora próximo ao telefone, ora na varanda que dava para o portão de entrada. E assim passava mais um aniversário ou um dia das mães. Nunca ligavam ou a visitavam.
Quando chegava a noite, bem tarde, ela levantava-se de onde estava, olhava para mim e dizia: ‘Acho que ninguém mais vai ligar. Vou dormir. ’ E de cabeça baixa com os olhos tristes, entrava para seu quarto e ia rezar.