Para Minha Vó

Quando penso em mãe, me vem à mente coisas incoerentes. Em diversos aspectos.

Mãe, pra mim, é vó. Fui criada por minha avó. Sabe, ela já tem mais de setenta anos, menos de oitenta. Tem uma vivacidade ímpar. Cuida da casa, do meu avô, dos netos que ainda moram com ela – ao todos, fomos 5 criados por ela, mais 3 que ela ajudou a criar. Todos saudáveis, honestos, trabalhadores, prósperos... acho que ela deixou muito dela em mim. Talvez, até, em todos nós.

Mas outro dia me dei conta de que ela já não é tão ágil. Anda devagar, o corpo levemente encurvado... Parece tão frágil às vezes, que nem dá pra associar à imagem da “mama brava”, que pegava no pé da gente quando achava (bastava achar!) que estávamos fazendo algo errado... E no lugar das brigas, hoje há conversas. Do silêncio, há risos. Do barulho, voz mansa... tão mansa que muitas vezes peço pra ela repetir mais alto. Mesmo que eu tenha ouvido. Talvez porque eu a quere tão forte quanto antes, até na voz.

O que a torna assim, exemplo de beleza? A beleza dela, por si só. Minha vó é gata. Vaidosa, alegre, engraçada, trabalhadora, forte, cuidadosa, bondosa, justa, honesta...

Que sorte eu tenho!