Pai
Hoje, aqui no meu trabalho, me deu saudades de ti.
Aquela saudade doída que machuca o peito e nos faz recordar doces momentos vividos.
Me recordei das nossas aventuras juntos, quando criança o senhor me fez viver.
Pude voltar ao passado e vê-lo moço, forte e com seu jeito brincalhão.
Ao mesmo tempo em que me recordei de seu jeito austero e firme quanto às nossas traquinagens.
Gostaria de apenas sair daqui e ir até sua casa lhe abraçar e dizer que te amo e preciso ainda de ti.
Mas não posso isso fazer.
Posso sim sair de meu trabalho e ir até onde mamãe ainda mora, mas onde o senhor está somente meu pensamento pode chegar.
Mesmo que sempre meus pensamentos lhe encontre, não posso dar-lhe o abraço que quero, pois desejaria senti-lo, coisa que há alguns anos deixei de sentir.
Eu estou bem, meu pai, sei que também está. Mas a saudade machuca, dói fundo e teima em não me deixar.
Então em pensamentos lhe faço uma prece e sinto-o mais perto de mim.
Fechando os olhos posso sentir seu afago, uma lágrima teimosa cisma em rolar por minha face.
Não quero que ninguém perceba a minha dor, mas é difícil de conter, meu pai.
Tive muitas oportunidades de dizer o quanto te amo, mas algumas delas simplesmente as perdi.
Hoje o senhor sabe o que passa em meu coração, sabe do respeito e do amor que lhe tenho.
E sabe que as palavras que nunca foram ditas e que talvez esperasse ouvi-las, sempre estiveram aqui.
Saudades, papai