A ALMA DE UM VIOLINO

Certas coisas me fazem chorar, como por exemplo, quando tomo conhecimento da partida de pessoas que mesmo com pouca idade são exemplos marcantes para um mundo tão desumano.
Estava assistindo o noticiário da Globo News e nas notícias de rodapé me chamou a atenção o falecimento de um menino violinista, componente da Orquestra AfroReggae e tal notícia remetia ao Portal de Notícias da Globo o G1.com.br, para maiores informações.
Constatei que o menino violinista, cujo nome é Diego Frazão, 12 anos, faleceu em virtude de leucemia descoberta recentemente, depois de uma operação de apêndice.
Não quero me ocupar da causa- mortis ou mesmo da caótica saúde pública no Brasil.
Quero falar sobre Diego.
Mesmo sem conhecê-lo pessoalmente, posso dizer que se tratava de um menino acima da média e que poderia ter passado no anonimato, caso não tivesse em seu caminho, pessoas tão bem intencionadas e interessadas em trabalhar os talentos existentes nas comunidades carentes do Rio de Janeiro, como é o caso do AfroReggae.
Outro dia conversava com uma pessoa que me dizia que o filho estuda violino e que fazia questão de frisar que se trata do único instrumento que tem alma.
Sem dúvida, o violino chora, sorri, enfim, evidencia a existência de uma alma que se emociona com a emoção daquele que lhe toca, o violinista.
Não pude deixar de olhar para a imagem de Diego, em plena atividade, ou seja, tocando no funeral de um membro do AfroReggae assassinado há pouco tempo e me emocionei ao ver que dos olhos de Diego desciam lágrimas de tristeza como aquelas que derramaram nesta tarde seus colegas de orquestra enquanto tocavam “Asa Branca” durante o sepultamento do corpo de Diego e as mesmas que derramo neste momento em que escrevo este texto.

A irmã de Diego cantou uma música religiosa que lembrava a passagem em que Cristo fez o milagre da multiplicação dos pães ao tomar em suas mãos, cinco pães e dois peixinhos cedidos por um rapazinho anônimo que estava no meio da multidão e um verso da música dizia: "Quem poderia imaginar que um menino ia ajudar a alimentar a multidão ?".

Tenho certeza que Diego Frazão - que a partir de agora dá nome à orquestra - com seu exemplo marcante, ajudou e continuará ajudando a alimentar uma multidão de pessoas carentes de atenção e outras carentes de abraçar o mesmo ideal do AfroReggae, mostrando que a verdadeira esperança de uma sociedade mais justa e fraterna jamais morrerá.

Tenho a liberdade de pensar que se Cristo fosse nascer novamente, entre os músicos da orquestra celestial teria um violinista chamado Diego, tocando para o grande coral cantar: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.”