G Aguiar
(Jeane Caldas)
Da minha indiscutível incompetência
O estudo de qualquer texto literário, ainda os mais simples, implica em limites reais de competência crítica. Então confesso: o teu comporta significados bem mais numerosos e maiores do que pode dar conta esta mera e breve leitura...
Ainda assim, arrisco:
Predominam em tua literatura a solitude, a angústia do abandono, dos fins-de-caso, a solidariedade, a esperança e o amor a Deus (e revolta pelo descaso celeste).
O vocabulário, ainda pobre, repetitivo e previsível, não condiz com tua imensa riqueza e experiência interiores. Conselho-segredo: lê mais: mais gramática, mais figuras de linguagem, mais autores, mais teóricos da Literatura. Adianto todavia que não vislumbrei quaisquer desvios da norma culta nos escritos: tudo correto, portanto. Aplausos solenes.
Tua temática, o Amor, é inesgotável. Como inesgotáveis são os assuntos de tantos e tão bons literatos, como Augusto dos Anjos (os fatos horrendos da vida e da morte), João da Cruz e Sousa (a negritude, a injustiça, o preconceito, a Imensidão celeste), e outros admiráveis autores.
Logo, continua mas amplia e enriquece teus versos e prosa, melhoráveis sim senhora.
Do crescente talento da autora
Sobrepairam em teus poemas inolvidáveis
sublimidades, como em Doce Esperança, Tecido Poético e Agonias, que semelham em singeleza e sensualidade a versículos dos Salmos (Rei Davi) ou, mais ousadamente, do Cântico dos Cânticos (Rei Salomão); já outros, contendo uma associação de sentidos - doçura semântica - faz surgirem metáforas delicadas, preciosas, flutuantes...
Vários outros, no entanto, nada trazem de inovador, contendo versos que não sobrevivem, se isolados do contexto, tal a sua trivialidade e incongruência. A rigor, as costumeiras falhas do literato incipiente: superficialidade, versos mal-arranjados, displicência estilística, deslumbramentos sem razão...
No plano conceitual (conteúdo), costuma a poetisa se realizar razoavelmente. Já na estrutura formal, percebem-se às vezes falhas maiores:
a) estilo mal-trabalhado, não coeso, carecendo de releitura crítica, meditação mais profunda e uso de boas gramáticas e dicionários (não visando à correção de solecismos, e sim ampliando as possibilidades de expressão).
b) versos ou estrofes sem a necessária coesão, coerência, correção, clareza e elegância, dificultando sua compreensão e merecida apreciação;
c) ausência de elevação poética, permanecendo muitos versos na planície da prosa comum, corriqueira, reduzindo assim o alcance da proposta lírica.
Enfim, lânguida menina: longas palavras e mensagens curtas. Ousou pouco, pouco. E o heroísmo lírico?
Na contramão porém de tudo quanto acima afirmei, a ânsia abissal em que te debates prova a tua legítima maturidade literária, que não deixa dúvidas: artista sem artifícios.
Não só poemas: promessas, harpas, alumbres, redenção; êxtases e hosanas, translírios e esponsais, pastores e primaveras, oásis e caravanas, abismos e cantatas, súplicas e graças.
Anunciação. Mosaico multicor.
(Texto provisório meu - um lixo!)
P.s.: Apesar da deletagem de parágrafos inteiros desfavoráveis deste estudo, permanece em mim um sentimento de culpa por palavras ainda desabonadoras a respeito da Jeane. É que seu talento é bem maior que todas as palavras acima, justas ou injustas. Sua literatura, exígua ainda, já convence.
(Jeane Caldas)
Da minha indiscutível incompetência
O estudo de qualquer texto literário, ainda os mais simples, implica em limites reais de competência crítica. Então confesso: o teu comporta significados bem mais numerosos e maiores do que pode dar conta esta mera e breve leitura...
Ainda assim, arrisco:
Predominam em tua literatura a solitude, a angústia do abandono, dos fins-de-caso, a solidariedade, a esperança e o amor a Deus (e revolta pelo descaso celeste).
O vocabulário, ainda pobre, repetitivo e previsível, não condiz com tua imensa riqueza e experiência interiores. Conselho-segredo: lê mais: mais gramática, mais figuras de linguagem, mais autores, mais teóricos da Literatura. Adianto todavia que não vislumbrei quaisquer desvios da norma culta nos escritos: tudo correto, portanto. Aplausos solenes.
Tua temática, o Amor, é inesgotável. Como inesgotáveis são os assuntos de tantos e tão bons literatos, como Augusto dos Anjos (os fatos horrendos da vida e da morte), João da Cruz e Sousa (a negritude, a injustiça, o preconceito, a Imensidão celeste), e outros admiráveis autores.
Logo, continua mas amplia e enriquece teus versos e prosa, melhoráveis sim senhora.
Do crescente talento da autora
Sobrepairam em teus poemas inolvidáveis
sublimidades, como em Doce Esperança, Tecido Poético e Agonias, que semelham em singeleza e sensualidade a versículos dos Salmos (Rei Davi) ou, mais ousadamente, do Cântico dos Cânticos (Rei Salomão); já outros, contendo uma associação de sentidos - doçura semântica - faz surgirem metáforas delicadas, preciosas, flutuantes...
Vários outros, no entanto, nada trazem de inovador, contendo versos que não sobrevivem, se isolados do contexto, tal a sua trivialidade e incongruência. A rigor, as costumeiras falhas do literato incipiente: superficialidade, versos mal-arranjados, displicência estilística, deslumbramentos sem razão...
No plano conceitual (conteúdo), costuma a poetisa se realizar razoavelmente. Já na estrutura formal, percebem-se às vezes falhas maiores:
a) estilo mal-trabalhado, não coeso, carecendo de releitura crítica, meditação mais profunda e uso de boas gramáticas e dicionários (não visando à correção de solecismos, e sim ampliando as possibilidades de expressão).
b) versos ou estrofes sem a necessária coesão, coerência, correção, clareza e elegância, dificultando sua compreensão e merecida apreciação;
c) ausência de elevação poética, permanecendo muitos versos na planície da prosa comum, corriqueira, reduzindo assim o alcance da proposta lírica.
Enfim, lânguida menina: longas palavras e mensagens curtas. Ousou pouco, pouco. E o heroísmo lírico?
Na contramão porém de tudo quanto acima afirmei, a ânsia abissal em que te debates prova a tua legítima maturidade literária, que não deixa dúvidas: artista sem artifícios.
Não só poemas: promessas, harpas, alumbres, redenção; êxtases e hosanas, translírios e esponsais, pastores e primaveras, oásis e caravanas, abismos e cantatas, súplicas e graças.
Anunciação. Mosaico multicor.
(Texto provisório meu - um lixo!)
P.s.: Apesar da deletagem de parágrafos inteiros desfavoráveis deste estudo, permanece em mim um sentimento de culpa por palavras ainda desabonadoras a respeito da Jeane. É que seu talento é bem maior que todas as palavras acima, justas ou injustas. Sua literatura, exígua ainda, já convence.