Minha avó Sebastiana Motta



CRIADA ALÉM, NA ROÇA
EM PAUPÉRRIMA PALHOÇA
PORÉM RICA EM AMOR
CORRIA PELAS CAMPINAS
E SUBIA PELAS COLINAS
BRINCAVA NO PRADO EM FLOR
AO CHEGAR A PRIMAVERA
OH MEU DEUS! QUE LINDO ERA
NO VERDEJANTE POMAR
ESCUTAR A ALGAZARRA
DE BARULHENTA CIGARRA
E DOS PÁSSAROS O TRINAR

ELA ACHAVA TUDO LINDO
ADORMECIA SORRINDO
E DESPERTAVA A CANTAR
SONHAVA O DIA INTEIRO
UM DOCE SONHO FAGUEIRO
EM MAGIA A  EMBALAR
BRINCAVA NOITE E DIA
EM TUDO ACHAVA POESIA
NO CÉU, NO CAMPO E NAS FLORES
E AS MANHÃS ENSOLARADAS
AS NOITES ENLUARADAS
TINHAM VIDA, LUZ, AMORES

AMAVA AS CRIATURAS!
ACHAVA-AS BOAS E PURAS
O MUNDO ERA TODO AMOR!
E COMO A COMOVIA
A LUZ DO RAIAR DO DIA
O DESABROCHAR DE UMA FLOR
UMA ROLINHA VOANDO
O SABIÁ GORGEANDO
CAUSANDO-A DEVANEIO
E O FORMOSO GATURANO
SALTANDO DE RAMO EM RAMO
QUE A DEIXAVA EM DOCE ENLEIO
MAS O TEMPO FOI PASSANDO
POUCO A POUCO LHE MOSTRANDO
O MAL QUE O MUNDO CONTÉM
DEIXOU OS BOSQUES FLORIDOS
PERDEU ENTE QUERIDOS
CONHECENDO A TERRA DE DESDEM
ENTÃO CONHECEU A MALDADE
A PERFÍDIA, A INIQUIDADE
A HIPOCRISIA, A TRAIÇÃO
E EM SUA ALMA Á VIDA DE AMORES
CONHECEU OS AMARGORES
DA CRUEL INGRATIDÃO.

Marciamotta