MINHA RUA DAS DEZ É ASSIM...
Tem jardins
Tem cores
Tem flores
MINHA RUA É ASSIM...
Tem madrugadas
Tem missas pra as beatas
Têm bêbados
Tem jardim de jasmim
MINHA RUA É ASSIM...
Tem carro de boi
Tem árvores pra os pardais
Tem postes para o cão
Tem jardim de jasmim pra mim
MINHA RUA É ASSIM...
Tinham no início dez casas
Mas, quando nasci tinham mais
MINHA RUA É ASSIM...
A minha casa fica do lado esquerdo de quem sobe
É a quinta de cor amarela
E do lado direito fica a casa de Dona Osvaldina
Cheia de vida e aquarelas!
As mangueiras, laranjeiras e pinheiras
Quantas árvores belas!
Tem um pé de urucum
Que é a alegria da criançada
Pois sua tinta servia de maquiagem
Para pintar a cara da molecada
MINHA RUA É ASSIM...
Na casa de Dona Vazinha
Tem um cisterna de dá medo!
Ao entardecer, ela gemia e roncava
Parecia noite de trovoada.
MINHA RUA É ASSIM...
Tem a casa de Dona Joca
Uma velhinha faceira
Que nos encantava com suas histórias
De aventura, amor e assombração
Que fazia tremer nosso coração.
MINHA RUA È ASSIM...
Vai até o alto da ladeira da Serrinha
Lá mora minha coleguinha Solange
Que um dia uma pedra
Me fez tropeçar!
Magoou-me e me fez xingar(falar palavrão)
MINHA RUA È ASSIM...
"RUA DAS DEZ"
Igua a todas
Diferentes de todas
Mas é minha rua.
MINHA RUA É ASSIM...
De jardins em todas as casas
Rosas, lírios, cravos e dálias
E jasmim pra ti e pra mim
Minha rua tem enfim
Um fim assim...
Muitas lembranças poéticas
De uma rua sem fim.
Autora: MYRAMAR ROCHA
DATA: Jacobina/BA, 09/03/2010.
(Este poema foi transcrito do primeiro DIÁRIO, que ganhei de presente do meu avó Quintino, no dia 26 de setembro de 1965, dia do meu aniversário, pois seria o último nessa casa da Rua das Dez. Quando fiz essa homenagem a essa rua de tantas histórias, com apenas 10 anos de idade, não imaginando que ela um dia seria a fonte de inspiração para outras e outras formas poéticas na minha vida. Não resido mais nessa rua, mas o que deixei por lá ainda faz parte do meu cotidiano e da minha saudade hoje em dia.)