O Senhor das Palmas 
                                  
andré boniatti ) 

       
        Certos versos, sobre serem simples, honestos e bem escritos, possuem a profundidade necessária à nossa contemplação.  Doces, doces, doces.

      Há títulos maviosíssimos.  E poemas bem desenvolvidos, de real densidade semântica, eu diria "completos" de palavras --- verdadeiras noites fulgurantes!  Neles, a obscuridade encanta.  O simbolismo das coisas fascina.  A dramática visão do Universo faz-nos tremer e temer.

     São jóias irretocáveis, em que convivem encanto e desencanto, chão e amplidão, angústia e liberdade; verdadeiras odes ao Amor: inspirados, delicados, joviais, filosóficos, ideais...

      Em suma: suas imagens se tornam nossas logo que surgem; seus delírios nos arrebatam, que indefesas almas somos.

      Emerge desses textos tão intensos, passionais, declaratórios uma força tal que, pelo conjunto, nos inunda e arrasa.  Ò alma, alma...

      Porque o triunfo, a vitória do poema é fazer-nos evocar algo, mexer conosco, para o bem ou para o mal, para o terror ou a piedade, a grandeza ou o esquecimento...

      Deveras, sua inventividade nos surpreende, atrai, angustia, consola, harmoniza, quando atinge momentos mozartianos, mercê do tom de humanidade e indignação.  Absolutos em termos de beleza; serenidades guerreiras.

      Eis por que tantos lêem Dante Alighieri, Walt Whitman, Omar Khayyam, Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Manuel Maria du Bocage, Antônio de Castro Alves, João da Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos, Carlos Drummond:
      - Pela surpresa, a angústia, a atração, o consolo, a harmonia, a busca da luz que justifique suas vidas sem lógica.

      Estendo então o conselho: continuem relendo e trabalhando cada poema como se fosse o seu único e último; leiam mais, escrevam menos e podem sempre suas múltiplas roseiras poderosas.

      E, ultrapassando tais questões, finalmente criarão peças definitivas, que, do título ao verso final, se apresentem bem: com estranhas alegorias, ternos tons de nostalgia, envolvente magia verbal...
      

Tempo empregado neste artigo: 13:30h, até 31/07/2010.   
Jô do Recanto das Letras
Enviado por Jô do Recanto das Letras em 06/03/2010
Reeditado em 01/08/2010
Código do texto: T2122678
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