PAIZÃO
Pai amigo, companheiro, aquele paizão que muitas crianças não têm, está cada vez mais difícil de ser encontrado nos tempos modernos.
A competição, a luta pela vida neste mundo globalizado, tudo isso quase que impossibilita aos jovens pais de hoje um contato maior com os seus filhos, o que implica em perdas às vezes irreparáveis. O filho que possui um pai presente, amigo constante, apoiando-o em todos os momentos importantes da sua vida, com certeza será um cidadão melhor amanhã!
Nesse particular, consideramo-nos privilegiados, minha mulher, Dona Mari, e eu, pois o nosso genro Décio, marido da nossa filha Ana Claudia, é um legítimo representante dessa espécie em extinção:- o pai companheiro, amigo e sempre disponível para a sua família e seus filhos. Parabéns, Décio!
O Guilherme, seu caçula de cinco anos e meu neto, um dos três que a Ana e o Décio nos deram, é vidrado em futebol, esporte do qual gosto muitíssimo. Vivo incentivando-o no jogo da bola, batemos uma pelada sempre que estamos juntos (eles moram em Jundiaí/SP) e não perco oportunidade de motivá-lo para a prática do esporte bretão, um traço cultural do brasileiro!
Meu genro, embora não seja muito chegado ao futebol, preferindo os carros e as motos, faz um esforço como um bom “paizão” e procura dar apoio aos filhos nas suas preferências (no caso do Guilherme, a bola!).
Dia desses, num jogo pelo Campeonato Paulista de 2006, envolvendo o Paulista de Jundiaí e o Bragantino, meu genro levou o Guilherme ao campo pela primeira vez. Narrou-me, depois, ao telefone, a experiência vivida por ambos, pai e filho, em meio aos apaixonados torcedores do “Galo da Comarca”, o Paulista.
“- Foi um barato, Seu Roberto, o senhor nem imagina! Nos divertimos à beça e o Gui vibrou muito. O jogo foi tumultuado, o Paulista perdeu de 2 x 1 (um “goal” de pênalti roubado para o Bragantino), o Presidente do Paulista reclamou da arbitragem e invadiu o campo para protestar, a torcida xingava o juiz de “filho-da-puta” enfim, a maior zorra!...
O Gui ficou espantado, mas também registrou o seu protesto, fazendo coro com a torcida:- agarrou-se ao alambrado e, olhando-me antes de soslaio, gritou alto e bom som pro homem do apito:-
“- Seu idiota!...”
-o-o-o-o-o-
B.Hte., 28/02/06