FALA ÀS MULHERES

Louvo a Eva, louvo Adão,

quero louvar os primeiros;

não louvo o rei Salomão,

talvez só o Padre Eterno;

então, não louvo os do inferno,

porque sou de coração.

Meu discurso é laudatório,

contudo já prego aviso:

nunca fui bajulatório.

Se alguém merecer cacete,

deixo-o rente com o tapete,

mando-o ir ao purgatório.

Em data, assim, colorida,

mudo de comportamento;

ergo sextilhas à vida,

pois hoje a mulher tem data,

canto-lhe até serenata,

faço festa à tão querida.

Mulher, rainha do mundo,

pois tem festa universal!

Oito de março, oriundo

lá na pátria dos ianques,

bobos mexilhões em tanques,

donos das guerras do mal.

Boto gás, hoje me esbaldo

de às mulheres bater palmas;

a todas dou como saldo

de flores lindo jardim,

mas, se alguém achar ruim,

não vai sequer dar um caldo.

Louvo a Eva, louvo Adão,

na certeza que, louvando

o par, vou colher razão

a fim de a vida plasmá-la,

metendo na minha fala

os dois mais da Criação.

Agora, no entanto, quero

só dirigir-me às mulheres:

– Vocês são, sem lero-lero,

o amor que nos move o mundo;

recebam, pois, meu profundo

bem, vez que eu as tão venero.

Fort., 05/03/2010.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 05/03/2010
Código do texto: T2121173
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