A Casimiro de Abreu

Ao aproximar-se o fim daquilo a que me propus,tornar mais conhecidos alguns poetas brasileiros e portugueses,deixo aqui um magnifico poema de Casimiro de Abreu,falecido na flor da idade.Com vinte e um anos apenas.

Meus Oito anos

Oh!que saudades que eu tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infancia querida

Que os anos não trazem mais!

Que amor,que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias

Do despontar da existência!

--Respira a alma inocência

Como perfumes a flor;

O mar é--lago sereno

O Céu--um manto azulado,

A vida--um hino de amor!

Que aurora,que sol,que vida,

Que noites de melodia

Naquela doce alegria,

Naquele ingênuo folgar!

O Céu bordado de estrelas,

A terra de aromas cheia

As ondas beijando a areia

E a lua beijando o mar!

Oh!dias da minha infância!

Oh!meu céu de primavera

Que doce a vida não era

Nessa risonha manhâ!

Em vêz de mágoas de agora,

Eu tinha nessas delicias

De minha mãe as caricias

E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,

Eu ia bem satisfeito,

Da camisa aberta o peito,

Pés descalços,braços nus

-Correndo pelas campinas

A roda das cachoeiras,

Atrás das asas ligeiras

Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos

Ia colher as pitangas,

Trepava a colher as mangas,

Brincava á beira do mar;

Rezava as Avé-Marias,

Achava o céu sempre lindo.

Adormecia sorrindo

E despertava a cantar!

................................

Oh!que saudades que eu tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

-Que amor,que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

Á sombra das bananeiras

Debaixo dos bananais!

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Quo Vadis
Enviado por Quo Vadis em 24/02/2010
Reeditado em 27/02/2010
Código do texto: T2105754