QUANDO A SAUDADE APERTA

Hoje de manhã,

Um beija-flor,

Ao passar por mim,

Emitiu seu som característico!

Num átimo de segundo,

A imaginação,

Levou-me,

À minha,

Longínqua e inocente infância.

Nela pude ver,

O rancho onde nasci,

As paredes de taipa,

A cobertura de sapé,

Tudo rodeado pela mata,

Mais linda que já vi!

O ribeirão cristalino,

O som da passarada,

O canto do Inhambu Guaçú,

Nas manhãs de outubro!

Tudo muito lindo,

Só não,

Mais lindo,

Que minha Mãe,

Ainda jovem,

Cuidando de mim e da minha irmã,

Com devoção!

Eu a vi,

Cuidando da roça,

Da Noiva, nossa égua,

Do monjolo,

Da farinha de milho,

Da máquina de costura,

Com luz de lamparina,

Trabalhando até altas horas,

Para garantir nosso sustento!

Mãe, Mãe!

Mãe, Pai!

Sobretudo,

Mãe amorosa!

Os noventa anos,

Foram muito poucos,

Já se vão quase oito,

Desde que partiu,

E eu,

Cada vez mais,

Morrendo,

De saudades suas!