Ao grande saxofonista (*)

Muitos vôos alçamos juntos: eu com meu violão,

Você com o seu saxofone! A vida ficava mais alegre

E vibrante quando entoávamos nossos sons,

Que se eternizaram no infinito!

Hoje a vida ficou mais triste

Pois não poderá ouvir jamais

As notas sonoras do seu saxofone,

Ainda mais belas quando tocadas de improviso!

Vamos procurar absorver o conteúdo

Dessa estranha realidade: a perda de um

Grande músico, dedicado, uma alma amiga

Que nos deixou, vítima de estúpido ato de violência.

Você foi embora mas o seu sorriso largo ficou,

Como também ficou o seu exemplo de homem público

Cheio de otimismo, companheirismo, honestidade,

Amor, espírito de coletividade e respeito ao próximo!

Osvaldir Gonçalves: cabo do exército à espera da farda

De sargento, por merecimento, pois que já havia sido

Aprovado num concurso federal, no ano próximo passado.

Meus parabéns!!! Grande músico da banda e de grandes parcerias!

Você foi um vitorioso por aqui! A platéia,

Bem como seus amigos do mundo da música,

Tanto da banda do quartel, quanto dos bares e restaurantes,

Todos ouviram e se emocionaram com suas apresentações maravilhosas!

Aonde você estiver, esteja com Deus,

Na Luz do Amor Divino! Amor esse

Que muito você soube nos irradiar

Com simplicidade, amizade e calor humano!

Não à violência! Que se continue a conscientização

Pela não violência em Santa Catarina, no Brasil

E no mundo. Que todos os países lutem em prol de uma

Convivência fraterna, de respeito e dignidade.

“Os responsáveis pelo futuro

são os pais e as autoridades!

Ou o homem acaba com o crime

Ou o crime vai acabar com o homem”.

Que a concórdia, o entendimento entre os cidadãos,

Seja a meta principal a ser alcançada no seio

De uma sociedade civilizada, onde, acima de tudo,

O diálogo deve imperar, por amor a si, ao próximo e à paz!!!

(*) Homenagem ao músico saxofonista, Cabo Osvaldir Gonçalves, da Banda do Exército – 63º Batalhão de Infantaria, em Florianópolis – SC, tragicamente assassinado a tiros na madrugada do dia 2 de fevereiro de 1998, em frente à Associação dos Funcionários da Bescri, no Jardim Atlântico, Florianópolis–SC.

(*) Poema publicado no Jornal AN Capital, Florianópolis–SC, poucos dias após a sua morte.

(*) Curiosidades: O músico Osvaldir Gonçalves era de cor negra mas falava fluentemente a língua alemã. Certa noite ao chegar numa cidade catarinense de colonização alemã, foi xingado em língua alemã por dois anfitriões alemães, por ser negro, ao entrar no clube da cidade onde iria apresentar-se com seu saxofone. Ele contava que tinha entendido todos os palavrões contra ele dirigidos. Após a apresentação essas mesmas pessoas que o haviam xingado foram parabenizá-lo e ele os questionou porque o haviam xingado em língua alemã momentos antes e fez com que os agressores pedissem desculpas.

Osvaldir Gonçalves contava essa e outras histórias com muito humor e também muitas outras anedótas.

Por isso que, além de grande músico, era uma pessoa maravilhosa.

(*) Este poema participou da "Antologia Trajetória" da Academia de Letras de Biguaçu.

Coordenação Editorial: Toni Jochen. Pág. 151, 2008

Website: www.academiadeletrasdebiguacu.com.br