Na voracidade da passagem de um instante a outro, no que chamamos erroneamente “de repente”, ela se foi. Não está mais entre nós.
A última palavra que se diria, o que se teria depois para dizer, o que se disse, o que se fez ou não, o que se sente ou sentia, sentiu, o que lembrar ou esquecer, isso e tudo o mais, nada, não, não é nada e não tem mais sentido. Ela se foi e levou tudo com ela. Ficamos com sua memória compartilhada, aquela posta em palavras das intermináveis conversas. Mas não mais que isso, tudo o mais se foi, e se foi com ela. E nós padecemos porque estamos entre o que ela deixou e o que levou.
A Morte é nosso horizonte e é o nosso limite. No mais longe que olhamos a frente, lá estará ela para qualquer um de nós, nosso horizonte comum, situado ali bem no fim da vida. E é nosso limite porque só até o último instante antes dele é que existem nossa mediocridade e nossas limitações. Depois da Morte, somos nada. Só os deuses são imortais, porque não existem. Morrer é o preço que pagamos por ser, por existir.
Aprender sobre a Morte. Ela está na vida como um instante dela, o último. De todo o tempo que acumulamos, pouco ou muito, a Morte não será nem mais nem menos que um instante, que carrega em si toda a eternidade de nossas vidas. Por ser último, é o instante que se eterniza.
Agora, olho em volta, sem parar no rol dos que já foram para o mundo dos mortos, mas sim olho em volta para tanta vida que restou, para que logo depois de amanhã não esqueçamos que a Morte dará as caras de novo, para lembrar de que permanece real na ilusão da vida. E que quem se vai desaparece para sempre. E quem fica ainda existe e deve existir, até cruzar seu horizonte, ultrapassar seu limite.
O que quer que seja que façamos, façamos agora, enquanto estamos vivos.
Eu prometo honrar seu nome e sua memória naqueles que por sua causa estão vivos. E prometo sempre me orgulhar de estar vivo por sua causa.
Ercília Luiz Lizardo (20/09/1937 - 28/01/2010)
A última palavra que se diria, o que se teria depois para dizer, o que se disse, o que se fez ou não, o que se sente ou sentia, sentiu, o que lembrar ou esquecer, isso e tudo o mais, nada, não, não é nada e não tem mais sentido. Ela se foi e levou tudo com ela. Ficamos com sua memória compartilhada, aquela posta em palavras das intermináveis conversas. Mas não mais que isso, tudo o mais se foi, e se foi com ela. E nós padecemos porque estamos entre o que ela deixou e o que levou.
A Morte é nosso horizonte e é o nosso limite. No mais longe que olhamos a frente, lá estará ela para qualquer um de nós, nosso horizonte comum, situado ali bem no fim da vida. E é nosso limite porque só até o último instante antes dele é que existem nossa mediocridade e nossas limitações. Depois da Morte, somos nada. Só os deuses são imortais, porque não existem. Morrer é o preço que pagamos por ser, por existir.
Aprender sobre a Morte. Ela está na vida como um instante dela, o último. De todo o tempo que acumulamos, pouco ou muito, a Morte não será nem mais nem menos que um instante, que carrega em si toda a eternidade de nossas vidas. Por ser último, é o instante que se eterniza.
Agora, olho em volta, sem parar no rol dos que já foram para o mundo dos mortos, mas sim olho em volta para tanta vida que restou, para que logo depois de amanhã não esqueçamos que a Morte dará as caras de novo, para lembrar de que permanece real na ilusão da vida. E que quem se vai desaparece para sempre. E quem fica ainda existe e deve existir, até cruzar seu horizonte, ultrapassar seu limite.
O que quer que seja que façamos, façamos agora, enquanto estamos vivos.
Eu prometo honrar seu nome e sua memória naqueles que por sua causa estão vivos. E prometo sempre me orgulhar de estar vivo por sua causa.
Ercília Luiz Lizardo (20/09/1937 - 28/01/2010)