A Alda Lara,um dos seus poemas,no 48º aniversário da sua morte.
Faz hoge 48 anos que Alda Lara,insigne poetiza portuesa deixou este mundo para entrar na eternidade.
Dos expoentes da nossa cultura,nem uma palavra. Nem uma linha na nossa comunicação social. Em sua memória aqui fica um dos seus mais belos poemas.
E apesar de tudo,
ainda sou a mesma!
Livre e esguia,
filha eterna de quanta rebeldia
me sagrou.
Mãe-África!
Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou,
a mesma mulher
de tudo o que em ti vibra
puro e incerto!...
- A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendém
nascendo dos abraços
das palmeiras...
A do sol bom
mordendo
o chão da ingombotas...
A das acácias rubras,
salpicando de sangue as avenidas,
longas e floridas...
Sim!ainda sou a mesma.
-A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(rua 11...Rua 11...)
pelos negros meninos
de barriga inchada
e olhos fundos...
Sem dores nem alegrias,
de tronco nu e musculoso,
a raça escreve a prumo,
a força destes dias...
E eu revendo ainda
e sempre,nela,
aquela
longa história inconsequente...
Terra!
Minha ,eternamente...
Terra das acácias,
dos dongos,
dos cólios baloiçando,
Mansamente...mansamente!...
Terra!
Ainda sou a mesma!
Ainda sou
a que num canto novo,
pura e livre.
me levanto,
ao aceno do teu Povo!...
!...